Sexta-feira, 23 de março, dia de partida e início de uma enriquecedora viagem no Tempo e na História com destino a Auschwitz, Polónia. Ao longo de 11 dias, o Comboio da Memória, projeto do Agrupamento de Escolas de Pombal, circulou com 37 passageiros, contando-se 25 alunos do AEPombal e 4 do AECarregal do Sal.
A primeira visita teve lugar no Mémorial de la Shoah, considerado o maior centro de documentação judaica da Europa, onde percorremos, sob a orientação da pesquisadora Dra. Livia Parnes, diferentes espaços evocativos do Holocausto. Neste espaço, honrou-nos a companhia do Dr. João Alvim, vice-cônsul de Portugal em Paris, e do Dr. Gerald Sousa Mendes, neto do Justo entre as Nações, Aristides de Sousa Mendes. A finalizar, fomos agradavelmente supreendidos com a presença do historiador Serge Klasfeld, autor da relevante obra Mémorial de la déportation des Juifs de France.
Já na Polónia, descobrimos as lendas associadas ao centro histórico de Cracóvia e as Minas de Sal de Wieliczka, integradas nos 12 primeiros locais classificados como Património Mundial da UNESCO. No Museu Judeu de Galicja, a cientista, Dra. Anita Dolly Panek, sobrevivente judia, natural de Cracóvia, testemunhou, num relato emocionante do passado, a perseguição que a sua família sofreu, antes da sua fuga para o Brasil.
Em Auschwitz, nos olhares consternados, era evidente a perplexidade face a um dos locais do genocídio, tendo-se prolongado o silêncio durante a simbólica Marcha da Paz realizada entre Birkenau e Auschwitz I.
A fábrica de Oskar Schindler foi outro dos locais visitados; o empresário resistiu ao poder nazi e, deste modo, ofereceu a hipótese de sobrevivência aos seus empregados judeus.
No local do Gueto de Cracóvia, as simbólicas cadeiras colocadas no centro da praça também nos interpelaram, e com a ajuda da guia Paula Węgrzyn, sentimos nelas a representação do sofrimento dos 68 mil judeus desta localidade, vítimas do Holocausto.
Em Varsóvia, por entre a ampla reconstrução arquitetónica, observámos algumas marcas que sobreviveram à destruição maciça da capital e que constituem um testemunho do horror, mas também da capacidade humana de superação de adversidades. No Museu do Levantamento, acompanhámos todas as fases da revolta e as diferentes manifestações de luta contra o poder nazi.
Queremos agradecer à Direção do AEPombal, ao Sr. Rui Silva, da CP de Coimbra B, à professora Filomena Miranda, da nossa escola, e à guia Ela Wadowska, cujos contributos foram indispensáveis na preparação e organização de toda a viagem à Polónia. Também é importante realçar o apoio dos pais, o comportamento exemplar dos alunos e a colaboração dos adultos (professores e encarregados de educação) que, com a sua experiência e saber, tornaram mais fácil dinamizar e gerir um grupo desta dimensão.
Depois do regresso, dia 3 de abril, muitos relatos e histórias que ouvimos ao longo de todo o percurso permanecem dentro de nós. O Comboio da Memória, coordenado pela professora Isabel Vicente, continua e prossegue no seu trabalho de alertar consciências e contribuir para a formação pessoal e cívica dos jovens enquanto cidadãos do mundo.
Isabel Vicente e Lídia Ribeiro