A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), em colaboração com a Direção-Geral da Educação (DGE), o Alto Comissariado para as Migrações, I.P. (ACM, I.P.) e o Conselho Nacional de Juventude (CNJ) lançaram a campanha “E se fosse eu? Fazer a mochila e partir”, uma iniciativa de sensibilização das crianças e dos jovens para as dificuldades pelas quais os refugiados passam para fugir da guerra, procurando proteção humanitária.
A ação decorreu no dia 6 de abril, ao primeiro tempo da manhã, em todo o país, através de uma sessão no decurso da qual foi exibido um vídeo, mostrando o pouco que os refugiados transportam consigo. Nesse dia, cada aluno foi desafiado a levar a sua mochila com os bens que transportaria se estivesse no lugar de um refugiado (através de imagens ou, se possível, em formato físico), partilhando, depois, a razão das suas escolhas.
Os nossos alunos abraçaram a atividade com muito empenho, devido à sua extrema importância, a qual obrigou a uma reflexão profunda, pois há assuntos que exigem ser discutidos e o drama dos refugiados é um deles, ao fazer-nos pensar o que faríamos se estivéssemos numa situação semelhante. Sem dúvida, que esta iniciativa nos deu uma nova perspetiva desta tão dura realidade.
Descubram o que transportariam algumas dessas mochilas.
A mochila da Carolina Alves
- Manta/Cachecol
- Sabonete
- Diário de Anne Frank
- Fotos de Família
- Peluche
- Colar
- Relógio
- Canivete
- Bloco de notas e lápis
Se eu tivesse de partir apenas com uma mochila, eu escolheria estes objetos, porque acho que, onde quer que eu me fosse refugiar, seriam essenciais. Adoraria recordar os momentos em família e, quem sabe, mais tarde, quando a guerra acabasse, estes poderiam ser necessários para procurar os membros da minha família, caso eu fosse separada dela. Todos nós temos os nossos medos e todos nós temos aquilo que nos ajuda a esquecê-los, por momentos.
Adoro aquele peluche, faz parte de mim há pouco tempo, mas o suficiente para nunca mais o largar. O colar e o relógio são dois objetos que também fazem parte de mim, que me caracterizam, um dia sem usar relógio ou sem o colar não tem o mesmo valor. O sabonete é importante para a higiene e também porque, de certa forma, é pequeno, ocupa pouco espaço na mala e dura mais.
O Diário de Anne Frank, livro que já li e que adorei, ajudar-me-ia a ganhar coragem para nunca baixar os braços, assim como ela nunca desistiu até à sua morte.
Levaria também um canivete, para me ajudar a cortar coisas, o máximo dinheiro possível e um bloco de notas juntamente com um lápis para ir relatando o que me estava a acontecer, pois assim como nós hoje gostamos de ler diários/biografias de pessoas que viveram durante a Segunda Guerra Mundial, tenho a certeza que, mais tarde, haveria alguém interessado em ler o que acontecera nesta guerra que nos obrigou a fugir.
Carolina Alves n°6 9°D
“E se fosse eu? Fazer a mochila e partir?” foi uma atividade que o 11.º C abraçou com muito empenho, pela sua extrema importância.
Esta é a mochila da Ana Catarina Eliseu:
- Um kit de primeiros socorros;
- Carteira com identificação e dinheiro;
- Uma muda de roupa mais quente;
- Saco-cama;
- Produtos de higiene (escova de dentes, sabão, papel higiénico, lenços);
- Utensílios (alicate, talheres, vela, lâmpada portátil e fósforos.
Ana Eliseu e Maria Caranova, 11.ºC
A atividade “E se fosse eu? Fazer a mochila e partir” decorreu de uma forma muito produtiva, na turma G do décimo ano.
Após o visionamento do primeiro vídeo relativo ao conteúdo das mochilas dos refugiados de diferentes idades, cada aluno mostrou o que trazia na sua mochila. Verificou-se que as mochilas de uns e de outros não continham coisas muito diferentes (alguma comida, água, alguns produtos de higiene, objetos de primeiros socorros, medicamentos e outros, mas poucos, ligados aos interesses de cada um.) Refletiu- se, então, sobre as coisas que nós consideramos importantes e que teriam necessariamente de ficar para trás, bem como na dor que isso causaria.
Passado o vídeo que mostra o bom acolhimento de uma família de refugiados em Portugal, alguns questionaram porque é que muitas famílias portuguesas desempregadas e em dificuldades não têm o mesmo direito e a “mesma sorte”.
De seguida, foi, uma vez mais, colocada a questão – E se fosses tu? Se tivesses feito a mochila e tivesses partido? Como gostarias de ser recebido?
Perante a observação de que estes alunos, aqui em Pombal, não têm a oportunidade de acolher famílias de refugiados, ponderaram-se outras formas de ajuda, nomeadamente monetária, levando-os a refletir sobre o dinheiro muitas vezes gasto em coisas que não precisam.
Lurdes Abadesso
Gabriel Mota (9.º ano)
Idade: 15 anos
Mochila: 1 casaco quente (já vestido);1 calças de pijama (vestidas por baixo das calças normais); 1 telemóvel + cartão compatível com o país do destino; 1 pack de barritas; 1 pacote de batatas fritas; 5 garrafas de água; uma muda de roupa; 1 foto da família; 1 par de sapatilhas; 1 saco-cama; 1 bola de futebol (meio de entretenimento e eventual salvação).
Mariana Gomes (9.º ano)
Mochila: Algumas cuecas e pensos higiénicos; 1 foto de família; 1 calças; 1 casaco quente; 1 t-shirt; 1 sapatilhas confortáveis; 1 fita e 1 elástico para o cabelo; algumas barritas energéticas e água; telemóvel e carregador; carteira com documentos e algum dinheiro.