Intervenção Precoce na Infância – a experiência da intervenção à distância


A intervenção domiciliária/presencial do serviço de Intervenção Precoce na Infância (IPI) foi suspensa em março, na sequência da pandemia causada pelo COVID 19, tendo sido substituída por formas de intervenção e contacto à distância. Durante este período, as docentes de IPI continuaram a assegurar, com regularidade, o acompanhamento às crianças, dando especial atenção às que se encontram em situação de maior vulnerabilidade e que precisam de um atendimento próximo para suprir as suas desvantagens, respeitando o seu direito a uma aprendizagem diferenciada e de qualidade por forma a que todas possam alcançar o máximo das suas potencialidades.

Nos primeiros anos de vida, por se tratar de um período de maior plasticidade, as crianças encontram-se particularmente suscetíveis a influências externas. A sua saúde e desenvolvimento são fortemente influenciados pelas condições sociais, económicas e ambientais em que nascem e crescem, daí a importância da qualidade dos contextos e das interações para o seu pleno desenvolvimento. O papel das docentes de IPI tem uma dupla abordagem: a criança e as suas aprendizagens e as famílias e o exercício da função parental, procurando garantir que os pais/cuidadores proporcionem experiências e oportunidades que promovam nas crianças a aquisição de competências que lhes permitam participar de forma significativa nas rotinas diárias.

A IPI baseia-se nos seguintes princípios-chave:

  • as crianças aprendem melhor através das experiências diárias com pessoas significativas e em contextos familiares;
  • todas as famílias, com os recursos e o suporte adequados, podem promover a aprendizagem e o desenvolvimento da criança;
  • a necessidade de capacitação, tanto da criança, como da família, com base nos pontos fortes existentes;
  • as necessidades e os interesses da família devem ser considerados pelo profissional de IPI;
  • o processo de intervenção deve ser dinâmico e individualizado para refletir as preferências, os estilos de aprendizagem e as crenças culturais da família;
  • as oportunidades de aprendizagem devem ser identificadas em contexto natural;
  • os objetivos devem ser funcionais e baseados nas necessidades e prioridades da criança e da família.

Foi com base nestes princípios e no modelo de intervenção precoce baseado nas rotinas, já utilizado no formato presencial, que as docentes de IPI encontraram a solução para ir ao encontro das exigências de um formato de intervenção à distância. Este modelo, centrado no funcionamento das crianças nas rotinas do dia a dia e na resposta às necessidades das famílias (algumas acrescidas com o encerramento das escolas), permitiu que, durante este período, os pais recebessem informação, ferramentas e estratégias para trabalharem com os seus filhos, assegurando ambientes seguros e estimulantes para garantir a continuidade da implementação dos objetivos previstos no Plano Individual de Intervenção Precoce. Num momento em que a situação de pandemia provocada pelo COVID-19 nos obrigou a permanecer em casa, procurámos ferramentas, fomos criativas, adequámos estratégias, para continuarmos o nosso trabalho e apoiar as crianças e as famílias a encararem a situação de isolamento como uma oportunidade de passarem mais tempo juntos, a realizarem atividades estimulantes em conjunto e, principalmente, a garantir um atendimento de qualidade para as crianças e famílias.

O resultado da intervenção não depende de onde intervimos, mas sim como intervimos!

A intervenção nos primeiros anos de vida é decisiva para o desenvolvimento global da criança. O nosso olhar atento é um dever… É importante não esperar para intervir!

Pel’A Equipa,

Carla Araújo