Antes de Abril, palavras mil…


No âmbito da comemoração dos 50 anos do 25 de abril de 1974, a Biblioteca Escolar promoveu uma atividade de recitação de poemas alusivos a este momento marcante da nossa História contemporânea, “A Revolução dos Cravos”.

Ao longo dos meses de fevereiro, março e abril, as seis sessões ocorreram à segunda-feira das 10:40 às 13:30 horas, nas salas de aula da Escola Secundária e da Escola Básica Marquês de Pombal.

Num formato de “curta-metragem” e atendendo à faixa etária do público, as docentes Ana Moço e Fátima Rodrigues selecionaram textos de fácil compreensão que, apoiados por alguma teatralidade, cumprissem a dupla função de estimular e deliciar. Assim, numa primeira fase, foram declamados os poemas “Poema de agradecimento à corja”, de Joaquim Pessoa, “Os medos”, de José Cutileiro, e “Quem a tem”, de Jorge de Sena. Numa segunda fase, foram apresentados dois poemas de Manuel Alegre, “Variações sobre ‘O poema pouco original do medo’ de Alexandre O’Neill” e “Abril de abril”, e o terceiro de João Apolinário, “É preciso avisar toda a gente”.

A selecção de poemas visou retratar o ambiente social pré-revolução (o medo, a perseguição politica, a censura…), a força da resistência ao Estado Novo e o florescer de um Portugal libertado do jugo da prisão da ditadura.

Para uma geração que não possui a vivência dessa memória, surpreendeu-nos que as mensagens fossem escutadas pelos nossos alunos com tanta atenção e até alguma emoção, visível nos olhares e nos aplausos das turmas.

Agradecemos o acolhimento nas aulas e a pausa, tão gentilmente cedida, para darmos a nossa voz aos poetas de Abril. Há sementes de cravo que precisam de luz…

As Professoras,

Ana Moço

Fátima Rodrigues

Em fevereiro, nada como um “Beijo” de Klimt!


A professora Ana Alves quis lançar um dos Desafios de Abril sobre o papel da mulher polícia no Estado Novo, segundo documentos existentes na Biblioteca da ESP.  A coordenadora da biblioteca entendeu que o mês de fevereiro seria o adequado para o mote em mente: “era proibido dar beijos na boca”. “Ao primeiro beijinho na boca, era agarrá-los pelas golas e arrastá-los para a esquadra”. Dali só saiam depois de pagar uma multa.

Certo é que, para reforçar esta atividade, promovendo as artes e destacar simultaneamente o S. Valentim, a professora Janine Silva, da equipa da biblioteca, deu corpo ao repto lançado de se trabalhar a tela de Klimt – O Beijo. Envolvendo os seus alunos de Artes, do 11º D2, apareceu com obra feita.Amor é fogo que se lê

“E viu-se a “a tela” inteira, de repente”

Creio que os aprendizes todos ficaram inteirados das técnicas, da inspiração dos mosaicos bizantinos, da importância das folhas de ouro, das cores, das texturas… e de muito mais sobre a sensualidade da tela e sobre o seu autor austríaco e a sua amante.

Ora, meio milénio decorrido sobre o nascimento de Camões impunha que se falasse de amor através dos tempos e se celebrasse este aniversário. Durante a tertúlia subordinada ao tema “Amor é fogo que se lê…”, no passado dia 29, foi assim que os formandos de Português Língua de Acolhimento e de RVCC travaram conhecimento com “O Beijo” à sua espera na biblioteca, descobriram a função dos lenços dos namorados, refletiram sobre a possibilidade de “todas as cartas de amor serem ridículas”, declamaram poemas de alguns dos nossos autores portugueses mais consagrados bem como de produções originais. Momentos musicais serviram ainda de inspiração para novas tentativas de definição do amor.

O Amor é assim… “… O homem sonha, a obra nasce”.

F. Gomes