No passado dia 9 de novembro 2023, participei no convívio “Sons e Sabores da Interculturalidade” que decorreu no átrio da Escola Secundária de Pombal. Estiveram presentes os formandos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), Educação e Formação de Adultos (EFA), e Português Língua de Acolhimento (PLA), níveis A1/A2 e B1/B2 (duas turmas de Português para estrangeiros, com cerca de 60 formandos).
O evento desenvolveu-se em dois momentos. No primeiro, depois da mensagem de boas vindas a todos por parte da coordenadora e de uma apresentação mútua dos presentes, a professora bibliotecária apresentou a personagem Pantagruel, do escritor François Rabelais (século XVI). Estava decifrado o enigma do cartaz da atividade que representava um rosto enorme no fundo de um prato e também estava explicada a origem do nome do chocolate de culinária “Pantagruel” bem como do livro de receitas. Esta personagem era um gigante glutão que representa o exagero e o desperdício alimentar. Assim, a docente chamou a atenção para que não se coma em demasia, não só por razões de saúde mas também porque enquanto uns comem exageradamente, há outros que passam fome.
Foi o apelo para a atenção ao outro que serviu de transição pata a leitura e a representação da lenda de São Martinho, que gostei muito. Destacou-se a leitura expressiva da formanda do curso e apreciei os pormenores da caracterização das personagens.
Seguiu-se, a interpretação de várias canções de formandos que divulgaram músicas típicas dos seus países de origem. A tecnologia permitiu que um casal que se encontra de momento na sua terra natal nos brindasse com uma canção tradicional francesa. Foi um momento de partilha de boa disposição e de confraternização.
Depois do espetáculo, dirigimo-nos para outra sala (passerelle) onde estavam mesas com as iguarias (salgados e doces) dos vários países representados por bandeiras coloridas. Foi o momento para todos nós apreciarmos estas especialidades muito saborosas e para convivermos uns com os outros.
Esta festa proporcionou o contacto com pessoas de várias nacionalidades (ucranianos, brasileiros, indianos, colombianos, venezuelanos, franceses …) e a degustação de pratos típicos dos diversos países de origem. Gostei imenso da festa e da interação com os outros colegas. Foi um momento muito agradável e de muitas aprendizagens, pois estivemos em contacto com culturas diferentes da nossa. Gostaria que se repetissem convívios como este!
Cassilda Fernandes – Candidata do processo RVCC
Testemunhos de formandos do PLA – nível A1
Binod Pariyar
Testemunhos de formandos do PLA – nível B1
Foi uma festa maravilhosa e uma oportunidade de comunicar e conhecer a cultura e a gastronomia de diferentes povos. Gostei muito da representação e do carinho demonstrado pelas professoras desta escola, unindo pessoas completamente diferentes. Obrigada!
Anna Romashchuk
A festa da Interculturalidade na escola foi muito simpática. Gostei muito do espetáculo sobre a Lenda de São Martinho e da história de Pantagruel. Cada formando trouxe um prato de comida e havia diversidade de sabores. Para mim, foi uma noite muito agradável. Podemos repetir!
Maria Franja
Fiquei agradavelmente surpreendida com a Festa da Interculturalidade. Os participantes tiveram um bom desempenho. Foi uma festa maravilhosa para mim. Já há muito tempo que não recebia tantas emoções positivas. Estou feliz por também ter participado!
Iryna Sydorenko
Eu gostei muito de ter a oportunidade de conhecer diferentes culturas na festa da Interculturalidade onde contactámos com música, teatro e comidas representativas de cada país. Fico muito agradecida e acredito que foi um dia muito bom.
Daniela Sanchez
Uma mistura incrível e excelente de cultura, conhecimento e alegria. Foi uma experiência cheia de felicidade, valores, sons e sabores!
Victor Loureiro
Foi um dia agradável. Gostei muito de conhecer diferentes culturas e comidas. Também gostei de partilhar e de conviver com os meus colegas. Deviam repetir! Obrigada!
Frenesi Gonzalez
Porque Dia Nacional do Formador… é todos os dias!
No dia 18 de novembro de 1994 foi publicado o Decreto Regulamentar n.º 66/1994, que pela primeira vez regulamenta o exercício da atividade de formador no âmbito da formação profissional inserida no mercado de emprego, tendo posteriormente sido instituído esse mesmo dia, de forma simbólica, como o Dia Nacional do Formador.
Foi no contexto de reconhecimento destes profissionais que, nos dias 17 e 18 de novembro de 2023, se realizou o XI Encontro Nacional de Formadores subordinado ao tema “Ninguém aprende de trombas. A Felicidade, o Prazer e a Diversão na Aprendizagem”. Este Encontro constituiu-se, uma vez mais, como um espaço de partilha e de colaboração dos diferentes profissionais da formação provenientes de distintos setores de atividade, vendo-a como um alicerce estruturante da aprendizagem ao longo da vida.
Durante o evento foi possível apr(e)ender com os testemunhos dos vários oradores cujas intervenções se focaram em conceitos tão diversos como complementares e também comuns ao mundo da formação, tais como empatia, vontade, sentido e liberdade. Do Genially às diferenças entre o ensino e a aprendizagem, dos vértices do triângulo pedagógico ao design na atividade formativa, da neurobiologia da felicidade às pontes que a Escola da Ponte concretiza, da felicidade e do bem-estar nas escolas à Associação Happy Schools Portugal… a transversalidade da riqueza concetual aplicada também à atividade formativa foi, de facto, o denominador comum.
Se a formação ocorre em distintos setores, os Centros Qualifica não são exceção, uma vez que enquanto porta de entrada para todos os que procuram uma qualificação escolar e/ou profissional, são também um importante mecanismo de capacitação e de promoção da autodescoberta de quem a eles se dirige. E, mais concretamente no processo de RVCC, também aqui todos somos formadores, pois não são raras as vezes em que os candidatos confidenciam que aprendem com os Formadores, mas também com os Técnicos… e para a construção desse caminho não há “o” Dia do Formador, porque todos os dias o são.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
Quotidianos Femininos durante o Estado Novo
No dia 14 de novembro 2023, associámo-nos aos formandos do curso EFA na sua Atividade Integradora, “Desafios das novas dinâmicas e estilos de vida na sociedade atual” e estivemos no auditório Dra Gabriela Coelho para assistir a uma conferência sobre “Quotidianos Femininos em Portugal – 1930 – 1950”.
A professora Maria Alice Guimarães, professora de história na nossa escola, começou por apresentar fotografias da exposição “Mundo Português” que decorreu junto ao Tejo, em junho 1940. Enquanto a Europa estava em guerra, em Portugal, celebrava-se o colonialismo. Esta data recordava a fundação de Portugal (1143) bem como a Restauração da Independência em 1640. O evento foi um ponto alto da Propaganda levada a cabo por António de Oliveira Salazar.
A professora socorreu-se também de “A Lição de Salazar”, cartaz de uma série editada em 1938 pelo Secretariado da Propaganda Nacional, a fim de ser comentada pelos Professores nas escolas primárias. Com o objetivo de ilustrar a trilogia “Deus, Pátria e Família”, no centro de uma cozinha, aparece em destaque um crucifixo pousado numa cómoda, a dona da casa está metida na lareira a cozinhar, a sua filha está rodeada de alguns brinquedos e o filho está vestido com a farda da mocidade portuguesa. Os olhos estão postos no pai que está a regressar do trabalho do campo. Pela janela, vê-se um castelo medieval com a bandeira hasteada, símbolo da nação.
As famílias eram numerosas pois como não havia reformas, os filhos ajudariam no sustento da casa. Imperavam altas taxas de mortalidade infantil (150%) em parte pelo excesso de trabalho e falta de assistência materno-infantil. A ideologia vigente atribuía esta assistência à iniciativa particular e considerava que esta devia ser prestadas no seio do lar. A OMEN – Obra das Mães pela Educação Nacional era responsável pela solidariedade com a oferta de berços, por exemplo.
Com recurso à leitura de alguns trechos, a professora clarificou que “à esposa cabia o dever de amparar e animar o marido, o irmão ou o filho; devia apresentar-se perante o homem frágil, humilde e delicada; a mulher era feliz quando vivia na tranquilidade do lar, quando educava os filhos e quando cultivava o seu jardim”.
Foi também apresentada uma cronologia da atribuição do direito de voto à mulher. Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher portuguesa a votar (1911). Valeu-se da interpretação da lei que permitia o voto aos chefes de família. Sendo ela viúva, exerceu esse seu direito, mas a lei foi rapidamente alterada para “chefe de família, homem”. Em 1931 o Dec-Lei nº 19 694 de 5 de maio atribuiu o direito de voto às mulheres detentoras de um curso secundário ou universitário. Em 1946, este foi alargado às chefes de família (divorciadas, viúvas e solteiras) que soubessem ler e escrever ou pagassem ao Estado uma quantia não inferior a 100$00 de impostos. A lei Eleitoral nº 2317, de 26 de dezembro permitiu o alargamento do número de votantes a todos os que soubessem ler e escrever e finalmente, em 1974 temos o sufrágio Universal com a Lei nº 621/74 de 15 de novembro.
A professora salientou também o elevado analfabetismo em Portugal. As mulheres, na sua maioria, estudavam apenas até à terceira classe e os homens faziam a quarta classe.
A Propaganda apostava também na divulgação de ementas numa altura de baixos salários e de senhas de racionamento durante o período da guerra. De igual modo, a moda adaptou-se aos tempos de escassez que se refletiu, por exemplo, nas saias mais curtas para poupar tecido.
Com imagens apelativas com destaque paras fotos de Maria Lamas com retratos das mulheres do povo do nosso país, a professora cativou todos os presentes. De modo particular, ajudou os candidatos com mais idade (candidatos do processod e RVCC) a compreenderem que as marcas do Estado Novo demoraram algum tempo a esbater-se. Foram muitas as partilhas das vivências que esta sessão suscitou sendo que todos começaram a trabalhar com 12, 13 anos e os percursos profissionais passaram, por exemplo, pela função de “sopeira” em Lisboa tal como acontecia nos anos 50.
Cristóvão, Isabel, Helena, José e Raquel – Candidatos do processo RVCC
“Ensino Superior: um caminho possível” – Sessão de informação
Esta sessão tem como objetivos:
- Apresentar a UAb, a oferta em termos de licenciaturas e formas de acesso;
- Apresentar o Curso de Qualificação para Estudos Superiores;
- Apresentar o Programa de preparação para exames M23.
O público-alvo são: adultos em formação nos Centros Qualifica, TORVC e público em geral.
São parceiros desta sessão os Centros Qualifica dos Agrupamentos de Escolas de: Águeda Sul, Anadia, Lima-de-Faria de Cantanhede, Pombal, Sertã e Escola Técnico Profissional Sicó.
Pedimos que efetue a v/ inscrição através do link https://forms.gle/edtU4TX4Ww8rwuSP6
Dúnia Palricas – Coordenadora do Centro Local de Aprendizagem de Ansião da Universidade Aberta
IRead4Skills
No âmbito do projeto internacional, os nossos formandos com baixa escolaridade, vão respnder ao Inquérito “Leitura e Formação” para melhor respondermos às suas necessidades.
Link do Teaser de apelo ao Inquérito: https://youtu.be/Xz5c3_hRC2c
Sons e Sabores da Interculturalidade
É já no próximo dia 9 de novembro, às 20:000 horas, no auditório Dra Gabriela Coelho (Escola Secundária de Pombal) o já habitual evento: Sons e Sabores da Interculturalidade.
Através da partilha de dotes musicais e gastronómicos pretendemos promover o encontro e a relação entre a diversidade de culturas que constitui a nossa comunidade escolar no que toca à educação de adultos.
No fundo, a melhor escola, tal como a melhor
cidade, é aquela que sabe pôr em contacto os
indivíduos mais diversos. Quanto menos homogénea
for a escola, social e culturalmente, melhor
conseguirá desempenhar o seu papel de despertar das
personalidades que se formam através da
comunicação e não através de repetição de códigos
geradores de distância e de hierarquia. Aproveitamos
a oportunidade representada por tantos alunos de
origens culturais diversas nas escolas para atingirmos
aquilo que, já actualmente, as escolas vêm fazendo,
melhor do que se pensa: a comunicação entre
heranças, projectos e individualidades diferentes.
Alain Touraine, 1996
Desafios da novas dinâmicas e estilos de vida -Espaços de partilha para a reflexão
Convidados de excelência para nos ajudar a compreender as dinâmicas e estilos de vida na sociedade atual e os desafios que representam para a convivência e o exercício da cidadania. É esta a proposta que o curso EFA nos propõe com a sua atividade integradora.
Juntemos-nos a eles!
O caminho da aceitação
Com alguma frequência ouvimos discursos desconfiados relativamente à forma como funciona o processo de RVCC, muitas vezes assentes no receio que a construção do portefólio invada a privacidade de quem procura uma via para aumentar as suas qualificações. Quando entrou no nosso Centro, G. também carregava esse medo aos ombros, incerta se este seria o caminho mais ajustado às suas características. Com o tempo, foi baixando a guarda, entendendo que estava nas suas mãos a decisão de quanto de si e da sua história queria depositar nas páginas do seu portefólio. Foi logo nas primeiras sessões que assumiu o compromisso “desistir não é opção” e foi com essa determinação que compareceu no dia doze de outubro para a sessão de júri de certificação.
Com orgulho apresentou as problemáticas em torno da imigração, inspirada pela perspetiva defendida por Yuval Harrari no seu livro “21 Lições para o Século XXI”.
Com mais uma etapa concluída com sucesso, o caminho continua, pois nunca se deve confundir aceitação e resignação. Só depois de aceitarmos as coisas que não controlamos, é que conseguimos mudar aquilo que realmente depende das nossas ações.
Miakel Mendes – Técnico de ORVC
SMAL “O Meu Nome Faz História”
Nos dias 27 e 28 de setembro 2023, participámos na iniciativa SMAL – Setembro Mês da Alfabetização e das Literacias – “O meu nome faz história”, dinamizada pelo Centro Qualifica em parceria com a Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Pombal e o Projeto Cultural da Escola.
No dia 27 de setembro, estivemos na Biblioteca – “o coração da Escola”, nas palavras da coordenadora do Centro Qualifica e, depois das boas vindas da professora bibliotecária, iniciou.se a noite com o poema “Março” de Alice Neto de Sousa. Este foi o mote para a reflexão sobre a vivência dos portugueses em tempo de ditadura e no pós-Revolução do 25 de Abril 1974. Com a colaboração de todos, procurou-se o sentido do poema e orientados pela metáfora “Chuvas de março”, numa pequena tarefa de grupo, fomos convidados a elaborar um breve registo biográfico de vários nomes marcantes ligados ao 25 de Abril e à democracia, com destaque para Manuel Alegre, Salgueiro Maia, Sophia de Mello Breyner Andresen, Zeca Afonso, Carolina Beatriz Ângelo, Natália Correia e Maria Antónia Palla. Seguidamente, procedeu-se a uma partilha das informações recolhidas e foram colocad0s os rostos das personalidades, referidas anteriormente, no “Friso Cronológico da Revolução”.
No dia 28 de setembro, no Auditório da Escola e inspirados no verso “Grafitar Liberdade”, demos continuidade à atividade. Ao som da Garota Não, ouvimos a “Canção a Zé Mário Branco”. Com recurso ao Mentimeter, fomos desafiados a identificar as palavras mais marcantes da canção, sobressaindo a palavra “Liberdade”. E chegou a vez do convidado da noite, um artista local, João Ribeiro, que através da técnica do grafiti, tem deixado registos da nossa identidade em várias paredes do nosso concelho. Depois de um enquadramento do conceito de arte urbana com referência aos artistas Vhils, Bordalo II, Eduardo Kobra, Bansky, relatou-nos o seu percurso pela Escola Secundária de Pombal e de nível superior, as técnicas utilizadas, o começo aos 14 anos no mundo do grafiti. De marcante, foi a exposição “Identidade” na casa Varela, Pombal, com obras que resultaram de uma viagem a Berlim e Amsterdão onde recolheu cartazes com os quais compôs narrativas visuais. A arte urbana é para João Ribeiro a possibilidade de se expressar livremente embora não se enquadre nos movimentos “românticos” retomando a sua expressão, de transgressão e contracultura.
Resumindo, nestes dois dias tivemos a oportunidade de conhecer o que foi a Revolução de 25 de Abril de 1974, que pôs fim ao regime ditatorial do Estado-Novo, através de um golpe de Estado militar e que foi um marco da nossa história. Ficámos a conhecer nomes marcantes na luta contra a ditadura e o seu contributo para a Revolução. Esta atividade foi também um encontro com representantes da geração atual, que através da poesia ( Alice Neto), música (Garota não) e do grafiti (João Bribeiro), beneficia da conquista de Abril que é a liberdade de expressão e não deixa de denunciar o que falta cumprir.
Os Formandos do curso EFA – Nível Secundário
O PLA celebra o Dia Europeu das Línguas
No Agrupamento de Escolas de Pombal, o dia 19 setembro foi o primeiro dia de aulas para os formandos de Português Língua de Acolhimento.
Entre os 60 formandos (32 do A1/2 + 28 do B1/2) inscritos neste programa de aprendizagem da nossa língua, encontramos pessoas oriundas de vários países: Austrália, Estados Unidos da América, África do Sul, Bélgica, Colômbia, Filipinas, França, Geórgia, Índia, Marrocos, Nepal, Rússia, Turquia, Ucrânia, Uzbequistão e Venezuela.
O objetivo deste programa é ensinar a língua portuguesa a estes imigrantes. Desenvolvendo as suas competências orais (ouvir e falar) e escritas (ler e escrever), facilitando a interação cultural e promovendo o seu investimento num futuro melhor, estaremos a potenciar a integração profissional e social destes migrantes, que procuram no nosso país um novo recomeço de vida.
No dia 26 de setembro, os formandos celebraram o Dia Europeu das Línguas que celebra a diversidade e a riqueza das línguas existentes na Europa. As duas turmas refletiram sobre o valor inestimável da multiplicidade linguística enquanto património da Humanidade e alguns formandos demonstraram com orgulho a sua evolução na aprendizagem da Língua Portuguesa com uma pequena apresentação pessoal. Aprender uma língua é um longo caminho e os primeiros passos exigem sempre grande coragem e inabalável persistência.
A todos, desejamos um ano pleno de grandes vitórias e renovadas esperanças!
Ama Moço e Gina Ribeiro- Formadoras de PLA