Caros membros da comunidade escolar,
Temos a honra de convidar toda a comunidade para um evento especial protagonizado pelos nossos formandos dos cursos de Português Língua de Acolhimento e do Curso de Educação e Formação de Adultos. Serão os próprios formandos os principais intervenientes, que irão declamar versos de Luís de Camões e apresentar poemas de escritores dos seus países de origem. Para o curso EFA, será também uma ocasião para partilhar o resultado da sua atividade integradora.
Como já é tradição, numa segunda parte do sarau, teremos a oportunidade de partilhar sabores interculturais.
Junte-se a nós neste evento de celebração da diversidade, da aprendizagem e da integração através da língua portuguesa.
Contamos com a vossa presença!
Cristina Costa – Coordenadora do Centro Qualifica
Boas Festas!
A todos um Natal cheio de paz e harmonia e um Ano Novo repleto de novas conquistas.
Tradição e Inovação
Manda a tradição que depois de uma sessão de júri de certificação seja publicado um post para divulgar este momento, refletindo sobre as aprendizagens realizadas, não só pelos candidatos, mas por todos os elementos envolvidos. Ainda bem que existem rotinas e padrões que permitem dar alguma previsibilidade a um mundo mutável e instável. Preservar e respeitar o conhecimento daqueles que nos precederam é um sinal de sabedoria, pois só assim podemos evitar a repetição dos erros passados e encontrar respostas mais rápidas para problemas no imediato. Contudo, não podemos cair na tentação de cristalizar os nossos hábitos. Mesmo que um inseto preservado em âmbar possa parecer belo ao primeiro olhar, neste processo ele perdeu a vida e capacidade transformadora da metamorfose. Assim é preciso dosear o respeito pela nossa história e complementá-la com análise crítica e criatividade, entendendo que aquilo que fez sentido num determinado momento, poderá não se enquadrar na realidade atual.
Neste sentido a primeira apresentação, inspiradas nas considerações de Yuval Harrari sobre os desafios tecnológicos na sua obra “21 Lições para o Século XXI”, fomentou a reflexão em torno do impacto que o desenvolvimento da Inteligência Artificial e de sensores biométricos poderá ter no mercado de trabalho. As potencialidades destas tecnologias são inegáveis, superando já o ser humano na sua capacidade de executar algumas tarefas de forma rápida, em permanente conexão com outros sistemas e atualização imediata. Mais preocupante se torna quando percebemos que a IA invadiu o espaço que se considerava exclusivo dos seres humanos, a cognição. Prevê-se que estas inovações constantes resultem no desaparecimento de profissões (principalmente aquelas que exigem menos habilitações) e no surgimento de equipas centauro, em que humanos e máquinas cooperaram para a realização de tarefas. Estas mudanças irão exigir atualização constante de conhecimentos e muita capacidade de gerir o stress, pois não é fácil viver com a dúvida: Será que a minha profissão ainda vai existir amanhã?
Já a segunda exposição partiu da história da China, tal como é relatada na obra “Cisnes Selvagens: Três filhas da China” de Jung Chang, para analisar questões da atualidade. Neste livro a narradora conta a história da sua família, três gerações de mulheres, evidenciando como as alterações políticas na China tiveram impacto na trajetória das suas vidas. As experiências da avó Daotai lembram-nos como a tradição pode ser usada para perpetuar desigualdades de género, quer seja através da prática do pé de lótus ou de casamentos arranjados. Não é porque “foi sempre assim” que é justo ou correto. Já a época da mãe Wu Chunrong corresponde ao período de ascensão do comunismo na China e implementação da ditadura. A falta de liberdade mantem-se até ao final da obra, sendo a razão que levou Jung Chang a emigrar. Ainda que com pequenas nuances e alterações estratégicas, a China continua numa ditadura, em que há vigilância e controlo da população. Se por um lado a diversidade de ideologias e culturas é favorável ao desenvolvimento e à evolução, por outro há situações que não são aceitáveis por porem em causa os Direitos Humanos (e.g. campos de reeducação).
Mikael Mendes – Técnico de ORVC
Videoconferência com o Professor Joaquim Eusébio: “À Descoberta da Globalização”
No dia 4 de dezembro de 2024, o auditório Dra. Gabriela Coelho foi palco de uma videoconferência envolvente com o professor Joaquim Eusébio, intitulada “À Descoberta da Globalização”. O evento começou às 20h00 e o professor Joaquim Eusébio, historiador e antigo professor da Escola Secundária de Pombal, participou remotamente a partir do Canadá onde se encontra agora a residir.
A apresentação começou com o professor a ler uma definição do conceito de globalização retirada da IA (Copilot), sem qualquer adaptação, enquanto a audiência acompanhava os slides escuros. Após revelar a origem da definição sublinhando a importância da globalização digital, o professor cativou os presentes de modo particular ao usar o exemplo da morte da Princesa Diana para ilustrar a globalização. Destacou como uma princesa inglesa, com um namorado egípcio, que morreu em Paris, vítima de um acidente de viação num automóvel alemão… se tornou um fenómeno global.
De seguida, com uma referência ao neoliberalismo e à criação dos grandes grupos económicos, o professor Eusébio recuou no tempo para explorar as raízes da globalização. Começou pelo Império Romano e o Mediterrâneo, descrito como “o mar que fica entre terra”, um espaço vital para a circulação de bens e da própria língua. Também fez referência à Idade Média e à Rota da Seda, que ligava o Médio Oriente ao Ocidente, trazendo especiarias e influências culturais. A viagem de Vasco da Gama em 1497 foi destacada como um feito extraordinário do ponto de vista científico, comparável a uma viagem espacial nos dias atuais. No entanto, o professor alertou para a hipervalorização desse feito, lembrando que a frota de Vasco da Gama foi apenas mais uma que chegou a Calecute e que nosso Império era bem diminuto em comparação com o dos espanhóis, ingleses, holandeses e franceses.
Finalmente, o professor resumiu as vantagens da globalização, referindo a aproximação cultural, a superação das distâncias geográficas e o desenvolvimento económico pois hoje quem produz não pensa apenas no mercado nacional, mas sim no mundial. Também abordou as desvantagens desse fenómeno, incluindo a desigualdade económica e a uniformização cultural que leva ao desaparecimento de culturas locais. Além disso, destacou o impacto ambiental e os recursos naturais necessários para sustentar o desenvolvimento tecnológico.
Para concluir sua intervenção, com uma nota de humor no recurso a cartoons sublinhou que tudo depende da perspetiva com que se observa a globalização, mas a escola deve formar cidadãos globais para que as gerações futuras possam enfrentar desafios como o aquecimento global.
Foi uma abordagem que deixou os presentes com muito em que pensar sobre o mundo interconectado em que vivemos. Tivemos também a oportunidade de descobrir um grande senhor: o Professor Joaquim Eusébio, que mesmo à distância, no Canadá, conseguiu transmitir o seu vasto conhecimento e o seu gosto pela partilha de saber.
Os candidatos do Processo RVCC – Nível Secundário
Na Era da Inteligência Artificial
Uma vez mais dou por mim a iniciar um post referindo a evolução tecnológica e a verdade é que ela é cada vez mais incontornável. A uma velocidade estonteante surgem novidades quase todos os dias e aquilo que há poucos anos pareceria mero produto de ficção científica, torna-se uma banalidade da atualidade. A este ritmo será tão estranho para a próxima geração uma realidade sem Inteligência Artificial (IA), como hoje é desconhecida a funcionalidade de uma disquete ou de uma cassete, sem falar de uma lista telefónica, para os mais jovens.
As preocupações com as consequências desta evolução não são novidade, pois mesmo antes da IA ser uma realidade, já existiam obras de ficção que pintavam os cenários mais pessimistas. Esperemos que Skynet de “O Exterminador Implacável” ou Viki de “I, Robot” permaneçam no sector do entretenimento. Se as opiniões se dividem quanto ao futuro que nos espera e não podemos apenas seguir as vozes dos “velhos do Restelo”, também não devemos assobiar para o lado e ignorar os riscos existentes. O mais importante será mantermo-nos atualizados, acompanhando os desenvolvimentos.
E é aqui que a educação desempenha um papel de destaque, incentivando à exploração destas novas ferramentas de forma responsável, soprando gentilmente para manter a brasa do espírito crítico acesa. Foi numa dessas lufadas que um dos candidatos do processo RVCC de nível secundário foi desafiado a fazer uma apresentação para a prova de certificação de dia 12 de dezembro de 2024, inspirada no livro “A Era da Inteligência Artificial” de Henry Kissinger, Eric Schmidt e Daniel Huttenlocher.
Na sua apresentação foram referidos os contributos de Alan Turing e John McCarthy para uma definição de IA e os principais marcos no desenvolvimento desta tecnologia. Analisando as razões pelas quais a IA ainda falha, reforçou a importância de existirem mecanismos de verificação da qualidade das respostas dadas. Concluiu a explorando os dilemas de recorrer a IA em três contextos diferentes, nomeadamente nas plataformas de rede, ao nível político ou para fins bélicos.
Mikael Mendes – Técnico de ORVC
À descoberta da globalização – Videoconferência com o Professor Joaquim Eusébio
Participe na nossa videoconferência com o historiador e antigo colega, Joaquim Eusébio!
🗓 Data: 04 de dezembro 2024
🕒 Hora: 20h00
🔗 Link: A caminho da Mundialização
Esta enquadra-se na atividade integradora do o curso EFA e promete ser um espaço de muito enriquecimento.
Não perca a oportunidade de e refletir e interagir com um grande especialista!
Livres e Felizes
Vivemos na era da liberdade e da felicidade ou pelo menos é essa a realidade que nos é vendida. Se é verdade que muitos direitos foram conquistados e seria até de mau tom ousarmos comparar a atualidade aos tempos da escravatura ou mesmo da ditadura, também devemos reconhecer que ainda há um longo caminho a percorrer. Para sair das ilusões mais disseminadas é preciso usar as lentes da análise crítica, que só existem quando o espírito curioso não se contenta com explicações superficiais. É preciso mergulhar mais fundo, sendo que a literatura pode ser a botija de oxigénio necessária para alcançar a essência das coisas. Todos os géneros literários têm o seu propósito, sendo que na sessão de júri de certificação de nível secundário do dia 28 de novembro de 2024 as candidatas partiram de duas obras distintas para refletir sobre a liberdade e a dor.
A primeira apresentação baseou-se na obra “1984” de George Orwell, uma distopia de 1949 que promove a reflexão em torno das características dos regimes totalitários, nomeadamente a vigilância e a manipulação. Se a história narrada é ficcionada, algumas descrições aproximam-se perigosamente da realidade. O desconforto provocado por alguns episódios do livro tem o potencial de nos despertar para a atualidade e mover-nos para a defesa dos nossos direitos e liberdades.
A segunda exposição inspirou-se na obra “Sociedade Paliativa” de Byung-Chul Han publicada em 2020. Com uma escrita mais filosófica, o autor alerta-nos para o perigo de evitarmos a dor a qualquer custo (algofobia). Se noutras alturas a dor era usada para controlar a sociedade, por exemplo numa sociedade do martírio são usadas punições físicas e públicas para dissuadir comportamentos, na atualidade a dor é camuflada e incute-se a necessidade de ser feliz. Assim o chicote é retirado das mãos do carrasco e dado à vítima que se pune a si própria, através da autocrítica, por não conseguir ser feliz, ignorando o papel de fatores externos ou mesmo a volatilidade da felicidade. Assim a sociedade e a própria democracia tornam-se paliativas, com cada um focado no seu umbigo. A tolerância à dor vai diminuindo e o recurso à medicação aumenta, entorpecendo os sentidos e a conexão aos outros.
Pátria é onde está o coração
Um olhar pelo mundo pode deixar-nos maravilhados com tudo aquilo que o ser humano já alcançou, tornando difícil por vezes ver para lá da opulência das sociedades ditas desenvolvidas. Se a evolução tecnológica é incontestável, o lado humano tende a ficar dormente, refém de uma cegueira voluntária, que apenas quer esquecer que há realidades menos favorecidas que a nossa, reconfortados pelo nosso sentimento de pertença à nossa comunidade, à nossa pátria. Se para a maior parte de nós é fácil identificar as nossas raízes, existe quem não tenha esse luxo. Segundo dados das Nações Unidas em 2023 estavam identificadas pelo menos 4,4 milhões de pessoas apátridas[1]. É curioso como em pleno século XXI se possa observar uma situação com esta dimensão, em que se priva um ser humano de uma identidade.
Ainda que com contornos diferentes, foi na busca do reconhecimento da sua pátria que o candidato de processo RVCC de nível básico apresentou a 07 de novembro de 2023 o seu projeto de pedir a nacionalidade portuguesa. Falamos de alguém cuja nacionalidade remete para as praias de Cabo Verde, que nunca visitou e que apenas conhece pelo relato dos pais. Nascido em Espanha, é em Portugal que reside desde um ano de idade. Por muito que no seu sangue flua a garra lusitana e o lamento do fado, quis os caprichos do destino que os documentos ainda não traduzissem aquela que há muito sabe ser a sua pátria.
Foi a vontade de concluir o 9.º ano de escolaridade e aceder a novos percursos profissionais que trouxe o candidato até nós e foi ele o primeiro a reconhecer que leva muito mais consigo do que aquilo que procurava. Dizendo mais “todos devíamos voltar à escola, mesmo aqueles que já completaram a escolaridade”.
[1] https://observador.pt/2023/11/04/nacoes-unidas-alertam-para-a-situacao-de-milhoes-de-apatridas-no-mundo/ (Consultado a 26 de dezembro de 2024)
Mikael Mendes – Técnico de ORVC
“Lusíadas” na Escola
No dia 18 de outubro, nós, formandos de Português Língua de Acolhimento (PLA), nível B1/B2, vestimo-nos com mais rigor para assistirmos à peça de teatro “Os Lusíadas” com o Teatro Amador de Pombal (TAP), no auditório da Escola Secundária de Pombal.
No início, tivemos receio de não compreender a peça, mas afinal foi muito divertido e percebemos os episódios até porque eles foram apresentados na aula de PLA, tais como o episódio de D. Pedro e de Dª. Inês de Castro, do Adamastor, do Velho do Restelo, do Consílio dos Deuses, da Tempestade e da Ilha dos Amores. Quando havia monólogos, era mais fácil para nós percebermos. Nos diálogos, era um pouco mais difícil porque os atores falavam mais depressa.
Gostámos particularmente do momento do diálogo entre Vasco da Gama e o rei de Melinde, a negociar, e que contou com a participação da nossa colega Alexsandra Piñero que foi chamada ao palco. Os atores estavam vestidos com roupas rasgadas e rotas, de forma muito simples e todos de igual e havia um mapa onde eles indicavam o trajeto da viagem da do caminho marítimo para a Índia.
Com a peça, reforçamos a ideia que é importante aprender uma língua, neste caso o português. Gostaríamos que tivesse havido um pequeno convívio no final da representação do teatro, mas gostámos muito da peça e aprendemos acontecimentos da história de Portugal. Além disso, conhecemos os elementos divertidos do Teatro Amador de Pombal.
Os formandos do PLA B1/B2
Uma viagem à Índia através do olhar de Luís Vaz de Camões
No âmbito da iniciativa SMAL – Setembro, mês da Alfabetização e das Literacias , decorreu na segunda-feira, dia 30 de setembro, na Biblioteca da Escola Secundária de Pombal, a atividade “Viagem com Vasco da Gama à Índia” com os formandos do curso EFA e do RVCC, que embarcaram numa viagem literária, através da epopeia de Luís de Camões.
Ao som de “The conquest of Paradise” de Vangelis, banda sonora propícia à aventura pelos mares, num cenário de caravelas e mapas, iluminados pela luz de velas, iniciámos a viagem proposta pelo Centro Qualifica numa articulação com os professores bibliotecários Fernanda Gomes e João Silvano.
No ato do embarque, foram apresentados os intervenientes: o Adamastor, representante das forças da natureza,;a singela Dona Inês de Castro e o rei Dom Pedro; os poderosos deuses Júpiter, Vénus e Baco e o nosso herói, o navegador Vasco da Gama.
Foi uma viagem pelos cantos de “Os Lusíadas”. Em grupo, os formandos foram convidados a criar um diário de bordo onde se registaram, não só os maiores acontecimentos da epopeia, mas também os sentimentos e valores presentes em alguns episódios da epopeia, desde o bravo “ Adamastor”, ao romance “Pedro e Inês”, à violenta “ Tempestade”, à defesa dos corajosos portugueses por Júpiter no “Consílio dos Deuses” até à recompensa da bravura dos navegadores na “ Ilha dos Amores”.
A colaboração entre todos os presentes foi uma mais valia para a consolidação do conhecimento sobre a obra “Os Lusíadas” e resultou um Padlet “Viagem com Vasco da Gama à Índia”.
A sessão foi ainda abrilhantada por momentos musicais da lírica camoniana como “Verdes são os campos”, a “Nau Catrineta” de Almeida Garret e ainda um pequeno excerto da Ode Marítima, “Ter Audácia” de Álvaro de Campos. Estes momentos musicais foram proporcionados pelo professor João Silvano, acompanhado da sua guitarra.
Foi uma experiência enriquecedora no âmbito da comemoração dos 500 anos do nascimento do grande poeta Luís Vaz de Camões.
Os formandos do curso EFA NS