Desempenhar funções como Técnica de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências é muito mais do que ter técnica. É ser Técnica. E sê-lo requer assumir um “contrato” com cada candidato, em que se estabelece a empatia como condição basilar, como Carl Rogers defendia.
Através desse contrato, quem é Técnica (mais do que aplicar uma sequência de instrumentos), consegue ler as dúvidas, as expetativas e as motivações no rosto de cada candidato que entra no Centro Qualifica, trazendo nos bolsos e no olhar a emoção de voltar a entrar numa escola. Foi o que aconteceu com a Marina, o Jorge e o Paulo que, no início, junto ao lápis e ao bloco de folhas, traziam muitas dúvidas e incertezas, sentindo-se um barco em alto mar – o processo – ambicionando ancorar em porto seguro.
Se uma criança é uma esponja que absorve todo o conhecimento que lhe é transmitido, uma pessoa adulta apenas se envolve em processos educativos e formativos se as mais-valias que obtiver lhe proporcionarem respostas para o seu dia-a-dia e corresponderem às suas necessidades e objetivos imediatos. E foi isso que estes três candidatos procuraram. Se, no início, os seus portefólios nasceram de forma tímida, debaixo da sombra das incertezas, não se deixaram encobrir por ela. A persistência, a dedicação e a curiosidade foram imagem de marca durante o processo: mais do que simplesmente conhecer, a equipa sentia que os candidatos tinham também sede de aprender e de compreender. Começavam a não carregar tantas dúvidas nos bolsos, substituindo-as por novos projetos e ambições que preencheram o seu dia-a-dia com novas formas de ler o mundo e novos contactos sociais.
No processo de reconhecimento, validação e certificação de competências, tal como nos diz o ciclo andragógico, o ponto de partida é, simultaneamente, alicerce e ponto de chegada. Aqui, representado pela história de vida de cada pessoa adulta. E, não se encerrando no final do processo, volta a ser novo ponto de partida, ao gerar a (trans)formação individual e o impulso para novos percursos educativos e formativos.
No dia da prova de certificação, a Marina, o Jorge e o Paulo já não traziam nos bolsos nem no olhar as incertezas iniciais, mas a esperança num “amanhã” promissor, com novos impulsos e percursos. Que esse “amanhã” se cumpra e contribua para a sua (trans)formação!
Isabel Moio – Técnica de ORVC