A duração do processo de RVCC da H. e da I. coincidiu com o tempo de uma volta da Terra em torno do sol. Por isso, experimentaram aqui as quatro estações. Começaram por lançar a semente à terra na primavera, quando em abril tiveram a primeira sessão.
Os meses em que os dias são dia até mais tarde trazem o desafio de se trabalhar mais. Foi o que lhes aconteceu no verão do processo: uma altura em que tanto lhes começava a ser exigente o que era requerido nas sessões como nos seus contextos laborais e familiares. E foi verão, no processo de RVCC, durante mais tempo do que o do calendário gregoriano, que sugere que em cerca de três meses o verão esteja virado. Aqui, foi verão de julho de 2023 a abril de 2024 e aqui viram muitos pores-do-sol, até a noite ser.
Chegada a fase de preparação para a sessão de júri de certificação, as obras “Infocracia” e “Vita Contemplativa”, ambas de Byung-Chul Han, serviram de mote para as suas apresentações. Se H., embrenhada na sua correria e gestão diária, foi convidada a refletir sobre a importância de “fazer nada” e simplesmente “contemplar”, a I. coube o desafio de olhar para as potencialidades do mundo da informação, sem descurar os perigos aos quais podemos estar expostos se não assumirmos uma atitude crítica.
O outono é tempo de renovação, de mudanças e de praticar o desapego. ‘Eu não sei se vou conseguir’ saiu-lhes algumas vezes, quase a uma só voz, para logo de seguida se contrariarem: ‘Se vim, vou ser capaz!’. E foi esta capacidade de contrariarem o seu lado de dúvida, insegurança e incerteza que as ajudou a chegar ao inverno do processo: a fase de recolhimento, de se resguardarem para cuidar mais de si e de se aconchegarem junto dos que lhes são mais queridos.
Isabel Moio – Técnica de ORVC