O Bisavô é a biografia romanceada de Manoel Caroça, o bisavô da autora. Através dele acompanhamos a saga de três gerações de uma família beirã rigorosamente reconstruída graças às memórias de uma descendência vasta, bem como às cartas e documentos desenterrados dos baús de família.
Talvez por culpa da mãe, Cândida Patrício, o jovem Manoel Caroça fez-se um sonhador. A pesada e granítica cidade da Guarda já não lhe bastava. Ambicionava mais do que aquela terra e os seus frutos, queria conhecer mundo. E o mundo era Lisboa, era Paris, eram as Colónias onde enriqueciam os portugueses…
É ele o elo que une três gerações de uma família poderosa que, a partir da Guarda, conquistou Portugal. O percurso do milionário confunde-se com o de um país em convulsão, abalado pela queda da monarquia, a eclosão da Grande Guerra, a tuberculose e a pneumónica, a grande depressão. E, numa época em que se fizeram e desfizeram grandes impérios financeiros, vemos como os antepassados da autora marcaram o rumo do país.
Ironicamente, ao escrever a sua obra mais íntima e pessoal até à data, a autora oferece-nos o seu mais conseguido fresco do nosso país – esta família é o retrato de Portugal.
Opinião do leitor:
Tal como já vem sendo hábito, através de uma investigação histórica minuciosa, Maria João Lopo de Carvalho consegue transportar-nos para outra época, onde a portugalidade é o fio condutor da narrativa. Neste caso, o retrato vivo de um país e de uma família que, de finais do século XIX e, até meados do século XX, assistiu aos momentos mais marcantes da História deste século. Ora, é a esta perspetiva do devir histórico a que a autora nos transporta de forma magistral. Como se de um filme se tratasse, entramos pela “porta grande” da sociedade portuguesa da época e revisitamo-la através da sua própria família. Aí, comungamos do seu quotidiano, das suas esperanças e das suas tristezas. Ler este livro, é entrar no mundo maravilhoso da Biografia histórica onde, pessoas como nós, deixaram a sua marca.
Alice Guimarães