O meu vizinho, o Agostinho


No âmbito das Comemorações do cinquentenário da Revolução de Abril, no dia 29 de abril,  tivemos uma sessão com a professora Lina Oliveira: “Apontamentos de uma Revolução”.

Começámos por clarificar o conceito de texto argumentativo e explorámos dois cartoons de André Carrilho com intencionalidades diferentes. Um deles representa um cravo transformado em árvore debaixo da qual podemos ver pessoas felizes. O outro apresenta o cravo sobe a forma de um punho que traduz o esforço e o sofrimento do caminho para a liberdade.

A professora partilhou de seguida, um podcast de Luís Caetano: “A Vida Breve” que divulga poemas declamados pelos próprios autores. Ouvimos o  “Poema arma” de Manuel Alegre que foi um opositor ao Estado Novo e chegou a estar preso.

Foi-nos apresentada também Luísa Venturini, tradutora, autora de romances, poemas e crónicas. Vive em Pombal e costuma expressar a sua opinião na Rádio 97fm. Tivemos a oportunidade de ouvir o podcast “Do Nevoeiro”, uma referência ao Sebastianismo e escrito no rescaldo das últimas legislativas.

A professora também referiu a importância dos jornais como meio de expressar a opinião tal como o Jornal Expresso onde Daniel Oliveira escreve artigos de opinião.

Finalmente, leu um post publicado no Facebook pela jornalista Paula Sofia Luz que conta a história do tio Germano que esteve na Guiné e que trouxe feridas daquelas que não se veem por fora. Esta leitura fez-me lembrar o meu vizinho, o Agostinho que esteve a lutar na Guerra do Ultramar e dizia-se que quando regressou vinha muito afetado. Durante anos, sempre que ouvia um barulho mais forte, atirava-se para o chão escondia-se debaixo de uma mesa e estando ele a trabalhar no campo, chegou a esconder-se debaixo do carro dos bois. Segundo dizia a sua mãe, ele acordava quase todas as noites aos gritos como se ainda la estivesse. Nunca lhe foi dado nenhum apoio psicológico. Segundo o que se soube no dia que ele veio embora do Ultramar o pelotão dele foi morto com uma bomba terrestre. Só escapou ele e mais quatro camaradas. O meu pai também foi para a guerra e o meu irmão foi batizado com quatro dias pois ele ia embora no dia seguinte.

Estas são memórias que a sessão com a professora Lina trouxe ao de cima.

Isabel Santos – Candidata do processo de RVCC de nível secundário