No dia 7 de julho de 2023 decorreu o IX Seminário Nacional e I Seminário Internacional de Educação de Adultos, promovido pela APEFA – Associação Portuguesa de Educação e Formação de Adultos, subordinado ao tema “Cidadania e Multiculturalidades”. Este momento formativo pretendeu contribuir para uma discussão sadia e um debate informado em torno da Educação e Formação de Adultos ao longo (e em todos os espaços) da vida, determinante para a construção de um Portugal empreendedor, desenvolvido, solidário e mais humanizado. Para tal, reuniu um conjunto de palestrantes diversificado que incluiu investigadores e operadores responsáveis (técnicos e políticos) no campo da Educação de Adultos que ajudaram a refletir e a empreender nesta missão que, sendo local, é global e uma tarefa e responsabilidade de todos.
Assim, nas duas mesas temáticas foram debatidos aspetos prementes relacionados com as políticas públicas de Educação de Adultos, quadro comunitário, instrumentos e formas de operacionalização das práticas. Destacou-se que antes de se olhar para qualquer meio de financiamento deste tipo de políticas públicas, é determinante definir o que realmente se pretende alcançar na década 2020-2030 e quais os objetivos nacionais e regionais, pois apenas dessa forma se pode efetivamente trabalhar para a coesão territorial.
Tendo as metas da Educação de Adultos sido articuladas com o Pilar dos Direitos dos Direitos Sociais, carecem de apoio de toda a sociedade portuguesa, de modo a alavancar todo o esforço encetado. Neste sentido, urge envolver todos os agentes, desde autarcas a profissionais, que devem estar cientes da importância de investir nesta área e de esboroar fronteiras dos modelos clássicos, de modo a implementar ruturas que nunca foram feitas e encontrar convergências territoriais e inovadoras.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
À conversa com… Licínio Lima
“À conversa com…” é um ciclo de conversas espontâneas sobre Educação de Adultos, em que os entrevistados não conhecem de antemão as questões em debate. Trata-se de uma iniciativa conjunta entre o Centro de Investigação em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária (Universidade do Algarve), o Centro de Investigação e Intervenção Educativas (Universidade do Porto) e o Instituto Paulo Freire de Portugal.
No primeiro evento deste ciclo, no dia 24 de maio, foi dinamizada uma conversa com Licínio Lima, professor catedrático do Departamento de Ciências Sociais da Educação, do Instituto de Educação da Universidade do Minho, onde leciona desde 1981.
No decorrer da “conversa com…”, Licínio Lima destacou que há um discurso hiperbólico em torno da Educação de Adultos: tudo tem muita importância ou não tem importância nenhuma, o que tem levado a que, ao longo das últimas décadas, este tenha sido um campo de políticas e de ações muito intermitente. Não obstante o esforço encetado desde a ANEFA e prosseguido com a Iniciativa Novas Oportunidades e os Centros Qualifica, não existem políticas sistemáticas de Educação de Adultos em Portugal. Estas sempre foram fugazes, ao ponto de Licínio Lima considerar que hoje fala-se mais em capacitação, competências, formação profissional e qualificações do que propriamente em Educação de Adultos, embora reconhecendo o esforço e o mérito dos vários agentes que, no terreno, dão visibilidade a esta área.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
Literacia digital
Na qualidade de profissionais em Educação, estamos numa posição crucial para ajudar (também) os adultos a adquirir as competências de que necessitam para se tornarem aprendentes ao longo da vida, num mundo cada vez mais digital. A aquisição de competências digitais assume-se como um “passaporte” para oportunidades de aprendizagem sem paralelo e o seu desenvolvimento pode ajudá-los a tornarem-se cidadãos mais ativos e capacitados no século XXI.
Foi com este propósito que, no dia 22 de maio de 2022, decorreu o Webinar Literacia Digital, dinamizado por António Moreira, Susana Henriques, Maria Fátima Golão e Idalina Santos da Universidade Aberta e Ana Machado da Universidade do Porto.
Num mundo globalizado em que é apanágio da equipa do nosso Centro Qualifica sensibilizar os candidatos em processo de RVCC para a potencialidade das ferramentas informáticas, compete-nos também atualizarmo-nos e mantermo-nos despertos para lhes sermos exemplo e inspiração.
Estando o referencial de competências-chave de Competência Digital de mãos dadas com a tecnologia e tudo o que dela podemos extrair para agilizar procedimentos, desenvolver a criatividade e comunicar, a consciencialização dos candidatos para potenciais perigos e para as ameaças que possam desencadear-se no mundo digital norteia também a ação da equipa.
Recolher informação no mundo digital é fácil, pois há muita ao nosso alcance e conseguimos encontrar praticamente “tudo”. No entanto, é um facto que a inteligência artificial abre as portas para coisas indesejadas. Por isso, saber como ver se as palavras-passe estão comprometidas, utilizar as ferramentas de proteção adequadas e avaliar a informação online são estratégias das quais não devemos divorciar-nos.
Este Webinar não podia terminar sem uma referência à cidadania digital, incluindo aqui a importância da netiqueta e dos elementos que devem prevalecer na comunicação com recurso às tecnologias, nomeadamente a alfabetização digital, a privacidade, a colaboração e o respeito pela diversidade.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
webinar (Re) Investe em ti
A Raquel iniciou o seu percurso no ensino superior, mas por força de circunstâncias várias, acabou por abandonar esse percurso. O tempo passou, as prioridades mudaram e a aposta na sua formação académica foi posta de parte.
Até agora! A vontade e a necessidade de retomar os seus estudos volta a ser um objetivo. E com a Universidade Aberta, uma possibilidade.
Faz como a Raquel e Investe em Ti.
A Universidade Aberta, instituição de ensino superior a distância, assume-se como uma possibilidade de voltar a estudar. O seu modelo pedagógico flexível possibilita conciliar a frequência universitária com a vida pessoal e profissional.
Assim, esta sessão destina-se a todas e a todos aqueles que já iniciaram um percurso no ensino superior e não o terminaram ou, tendo-o terminado, pretendem retomar os estudos – na mesma área ou noutra.
Durante a sessão será feita uma apresentação da UAb, do seu modelo pedagógico e da sua oferta educativa. Serão ainda abordadas as modalidades de acesso sem provas, nomeadamente a Mudanças de par/instituição/curso e a Mudança de instituições estrangeiras. Serão analisados ainda casos específicos relativos à Mudança de instituições encerradas e respetiva documentação / localização e por Mudança de par/ instituição/curso e idade, tendo por base o caso específico da Universidade Aberta. Será ainda explicada a forma como decorre o processo de pedido de equivalências e acreditação de competências profissionais e escolares.
A sessão decorre no dia 25 de maio, com início às 19h.
A participação é gratuita, mas de inscrição obrigatória através do link https://forms.gle/cPvJHvgnKma6KMwaA
Sons e sabores da Multiculturalidade
Retomamos a nossa atividade de partilha de pratos típicos, lendas e cantares num convívio multicultural e que este ano marcará o fim do curso de Português Língua de Acolhimento com a entrega de diplomas.
Cristina Costa – Coordenadora do Centro Qualifica
Reimaginar os Futuros da Educação
A UNESCO publica Relatórios alusivos à Educação de Adultos sensivelmente de 25 em 25 anos. Recentemente, publicou o terceiro: “Reimaginar os nossos futuros juntos: um novo contrato social para a Educação”. Neste sentido, a Cátedra UNESCO da Educação de Jovens e Adultos convidou para o Diálogo Inter/Nacional sobre a Aprendizagem e Educação de Adultos, com a presença do Professor Doutor António Nóvoa, membro integrante da Comissão Internacional e do Comité Consultivo da VII CONFINTEA.
Este momento decorreu com transmissão online no dia 28 de abril e, partindo do título do Relatório, António Nóvoa destacou três palavras elementares, mas que alicerçam todos os esforços da Educação: juntos, pois a Educação precisa do Outro e da participação de cada um, não se tratando apenas de “juntos dentro da Escola”, mas em estreita ligação com a sociedade; futuro, na medida em que urge equacionar vários futuros possíveis que são construídos concomitantemente por educadores, professores, alunos e adultos; e contrato social, assentando na criação de novos ambientes de aprendizagem e no desenvolvimento de projetos em equipa que tenham em consideração o efetivo contributo de todos.
Foi ainda destacada a necessidade de inscrever o direito à Educação efetivamente como algo consagrado a todas as pessoas, sem esquecer várias revoluções em curso nas nossas sociedades, com especial destaque para as seguintes: revolução demográfica, responsável por elevar a esperança média de vida, o que se repercute na mudança de conceção da Educação de Adultos; revolução no/do trabalho, pois sempre houve uma relação muito forte entre a Educação e o trabalho, mas esta relação pode conduzir nas próximas décadas à falta de trabalho devido à automatização, não se podendo antecipar o que será a Educação de Adultos numa sociedade em que poderá não existir trabalho para todos; e revolução digital, sendo que aqui não se fala apenas de tecnologia, mas da necessidade de pensar que estão a caminho novas fraturas, novas formas de controlo e de vigilância, novos riscos e novos desafios que vão mudar a nossa relação com a Educação.
Assistir a momentos de partilha e de debate como este contribuem para revigorar a crença nos valores que norteiam a Educação de Adultos, que está longe de ser algo meramente institucionalizado entre quatro paredes, mas que deve alimentar-se (e alimentar) as dinâmicas locais e territoriais num verdadeiro trabalho em rede e colaborativo.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
O meu nome faz história – atelier de escrita criativa
Para sensibilizar a sociedade portuguesa para o flagelo do analfabetismo e das baixas literacias, a Associação Portuguesa de Educação e Formação de Adultos – Apendências, convidou as comunidades de todo o País a integrar a Iniciativa nacional de Educação de Adultos, SMAL – Setembro Mês da Alfabetização e das Literacias.
O Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas de Pombal aderiu à iniciativa e com o apoio da Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Pombal propõe um atelier de escrita criativa dirigido a candidatos em processo de Reconhecimento de Competências de nível B1: O meu nome faz história!
Conexões entre emoção e cognição na educação de adultos
Consciente da mútua relação entre as esferas afetivo/cognitivas no desenvolvimento de competências, a educação de adultos do Agrupamento de Escolas de Pombal valoriza todas as ocasiões de convívio.
Dentro e fora da escola, as atividades realizadas com alegria, bom humor e descontração são oportunidades para um outro olhar para o outro, para o desenvolvimento da autoestima, fator essencial para a aprendizagem. E se o momento de convívio fizer parte de uma estratégia de exploração de um determinado conteúdo a ser aprendido, melhor ainda.
Foi o que aconteceu no sábado 04 de maio em que candidatos do processo RVCC e formandos do curso de Português para Falantes de Outras Línguas se juntaram aos formandos do curso EFA na sua atividade integradora: “Património cultural e turismo sustentável em Pombal”. Numa visita ao bioparque e num piquenique no parque de merendas do Cotofre, todos tivemos a oportunidade de aprender com a experiência numa agradável interação entre a emoção e a cognição.
O dia 23 de maio foi também ocasião de convívio para o grupo de formandos estrangeiros que procuraram registar o culminar de um percurso de conexões emocionais com a nossa língua e a nossa cultura.
Cristina Costa – Coordenadora da Centro Qualifica
Pilares da Educação (de Adultos)
São, sobretudo, os/as Técnicos/as de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências quem procede ao acolhimento, inscrição, diagnóstico, informação e orientação e encaminhamento das pessoas que procuram o Centro Qualifica, independentemente da sua idade, motivações, percurso de vida e projetos. Quando enveredam pelo processo de RVCC, estes Técnicos são os elementos-chave da equipa que estão presentes desde a primeira sessão de balanço de competências até ao momento em que os/as candidatos/as erguem o certificado e o diploma na mão com brilho no olhar, como quem anuncia o orgulho por ter confiado nas suas próprias capacidades. Por isso, são ainda estes Técnicos que contribuem para que cada candidato/a (re)descubra o gosto pela aprendizagem e se encante com a possibilidade de (re)aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, os quatro Pilares da Educação.
Estes foram desenvolvidos na Conferência Nacional sobre Educação de 1990, organizada pela UNESCO, da qual resultou um relatório que foi editado sob a forma de livro, intitulado “Educação: um tesouro a descobrir”. Com esta publicação era intuito propor e discutir uma educação direcionada para as aprendizagens que, ao longo da vida de cada pessoa, se tornam os pilares dos seus conhecimentos.
De facto, o aprender a conhecer centra-se no despertar da vontade de descobrir e construir conhecimento e em procurar soluções inovadoras e criativas, fazendo com que cada pessoa fique apta a explorar o mundo que a rodeia. Este pilar anda de mãos dadas com o aprender a fazer, na medida em que para “fazer” é necessário “conhecer”. Significa, assim, ir além do conhecimento teórico e entrar na prática.
Reconhecer as diferenças individuais e saber lidar com essa diversidade parte da elevação de cada pessoa. Entra-se, aqui, no domínio do aprender a conviver. Por isso, é essencial saber participar em projetos comuns, libertarmo-nos de qualquer tipo de oposição violenta e fazer progredir a humanidade, o que apenas se alcança através da conscientização da interdependência entre todas as pessoas.
O aprender a ser emerge da conjugação daqueles três pilares, pois o desenvolvimento do ser humano como um todo tem implícita a consolidação do pensamento crítico e autónomo, a construção de conhecimento e o sentido ético perante a sociedade.
A Educação não se esgota nos sistemas formais de ensino. Está presente ao longo da vida (tal como a aprendizagem e os quatro pilares), em contextos não-formais e informais. A Educação e Formação de Adultos é uma das áreas de intervenção do universo da Educação e, dentro desta, o processo de RVCC ocupa um lugar de destaque pela especificidade da metodologia que utiliza, assente no balanço de competências e na narrativa autobiográfica. No entanto, também aqui se vai muito para lá das áreas de competências-chave, pois contribuiu-se para que cada pessoa fortaleça os seus alicerces, os seus talentos e os seus pilares… porque a Educação é, na realidade, um constante “tesouro a descobrir”.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
“Rentrée” da Educação de Adultos
Das atividades que marcaram o recomeço do ano escolar na educação de adultos, salienta-se a receção aos professores que integrarão as equipas técnico-pedagógicas na Educação de Adultos do Agrupamento de Escolas de Pombal, no ano letivo 2018-2019.
Foi nos dias 7 e 12 de setembro que um grupo de doze professores passou a assumir um conjunto diversificado de funções ligadas ao Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, (RVCC), ao curso de Educação e Formação de Adultos (EFA) e Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL), distanciando-se das funções que lhes são habituais enquanto professores do ensino regular com uma nova terminologia inerente às novas práticas.
Na Educação de Adultos, não há aulas, mas sessões; não se é professor, mas formador; não há fichas, mas instrumentos. No curso EFA fala-se em atividades integradoras, práticas pedagógicas que convocam competências e saberes de múltiplas dimensões, na abordagem de temas transversais. Enfim, se o discurso de que o ensino, para ser significativo, deve partir da realidade dos alunos tem sido recorrente no contexto da educação em geral, no campo da Educação de Adultos mais significado tem.
Além disso, é grande a diversidade do mundo adulto, a começar pela motivação, passando pelas diferenças nos saberes adquiridos pela experiência e no tempo disponível para a formação. A prática profissional do formador de adultos tem, por um lado, de responder aos documentos oficiais que definem as áreas de conteúdo onde os adultos têm de desenvolver competências e, por outro, de responder à individualidade de cada um. No caso específico do processo RVCC, esta resposta concretiza-se também na a adoção de práticas de atuação em regime de itinerância em locais onde as estruturas de educação-formação de adultos não existem.
Setembro marcou assim o início do ano em força.
Com uma forte mobilização de todos os elementos do Centro Qualifica que inclui os Técnicos de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências (TORVC) e o apoio de entidades parceiras (AE Guia, AE Gualdim Pais, Calcus), pudemos dar continuidade ao processo de RVCC escolar em Pombal, em horário diurno e pós-laboral e no Agrupamento de Escolas da Guia, em pós-laboral, dando suporte na realização de sonhos de um grupo dez pessoas. Demos também continuidade a um curso EFA escolar, de nível secundário, iniciámos um novo curso de PFOL e estamos prestes a dar início a uma Unidade de Formação de Curta Duração (UFCD) de Inglês.
Cristina Costa – Coordenadora do Centro Qualifica