Comecei o processo de RVCC no Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas de Pombal no dia 30 de setembro de 2021 e a minha sessão de certificação foi no dia 22 de junho de 2022. Sobretudo no início, tive dificuldades em compreender algumas das atividades que me eram propostas pelos formadores porque estudei apenas até ao 2.º ano. Deixar a escola com 14 anos, porque reprovei muitas vezes, e voltar a desenvolver hábitos de leitura e de escrita foi um grande desafio.
Em Matemática tomei mais consciência de que a forma como eu fazia algumas contas não era a mais correta e até prejudicava o meu saldo financeiro ao final do mês. Com as sessões aprendi a “abrir mais a pestana”. A leitura e a escrita foram as competências que mais gostei de melhorar. No âmbito do programa Ler+ Qualifica li excertos do livro “História de um caracol que descobriu a importância da lentidão”, de Luís Sepúlveda. Não gostava de fado, mas nas sessões de formação complementar de Linguagem e Comunicação vi o vídeo e ouvi a canção “Andorinhas” da fadista Ana Moura, que gostei muito de conhecer. Analisei a letra dessa música, em que a fadista diz que quer mudar de vida, quer ser livre como as andorinhas e voar “daqui para fora”. Foi também com esse objetivo que realizei o processo de RVCC, pois queria mudar de vida a nível profissional, para uma situação mais estável.
Não foi fácil ter cerca de três sessões por semana, mas com muito esforço e persistência consegui escrever a minha história de vida e evidenciar o que aprendi ao longo da minha vida nas quatro áreas de competências-chave. Um dia, saiu-me a expressão “A minha vida contada faz tremer uma calçada” e foi esse o título que dei ao meu portefólio. Na realidade, desde criança que a minha vida foi feita de muitas mudanças, mas não cruzo os braços e tenho sempre ido à luta por aquilo que quero e que acredito que seja o melhor para mim.
Ter conseguido terminar o processo de RVCC com o 6.º ano foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida, porque mudou-a como eu tanto queria. Hoje tenho um emprego mais perto de casa, com contrato e um horário que me é mais favorável. Mudei de vida e sinto-me realizada, feliz com o que faço e isso fez com que a minha autoestima também ficasse muito mais fortalecida.
Maria Nair Gomes