Pilares da Educação (de Adultos)


São, sobretudo, os/as Técnicos/as de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências quem procede ao acolhimento, inscrição, diagnóstico, informação e orientação e encaminhamento das pessoas que procuram o Centro Qualifica, independentemente da sua idade, motivações, percurso de vida e projetos. Quando enveredam pelo processo de RVCC, estes Técnicos são os elementos-chave da equipa que estão presentes desde a primeira sessão de balanço de competências até ao momento em que os/as candidatos/as erguem o certificado e o diploma na mão com brilho no olhar, como quem anuncia o orgulho por ter confiado nas suas próprias capacidades. Por isso, são ainda estes Técnicos que contribuem para que cada candidato/a (re)descubra o gosto pela aprendizagem e se encante com a possibilidade de (re)aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, os quatro Pilares da Educação.

Estes foram desenvolvidos na Conferência Nacional sobre Educação de 1990, organizada pela UNESCO, da qual resultou um relatório que foi editado sob a forma de livro, intitulado “Educação: um tesouro a descobrir”. Com esta publicação era intuito propor e discutir uma educação direcionada para as aprendizagens que, ao longo da vida de cada pessoa, se tornam os pilares dos seus conhecimentos.

De facto, o aprender a conhecer centra-se no despertar da vontade de descobrir e construir conhecimento e em procurar soluções inovadoras e criativas, fazendo com que cada pessoa fique apta a explorar o mundo que a rodeia. Este pilar anda de mãos dadas com o aprender a fazer, na medida em que para “fazer” é necessário “conhecer”. Significa, assim, ir além do conhecimento teórico e entrar na prática.

Reconhecer as diferenças individuais e saber lidar com essa diversidade parte da elevação de cada pessoa. Entra-se, aqui, no domínio do aprender a conviver. Por isso, é essencial saber participar em projetos comuns, libertarmo-nos de qualquer tipo de oposição violenta e fazer progredir a humanidade, o que apenas se alcança através da conscientização da interdependência entre todas as pessoas.

O aprender a ser emerge da conjugação daqueles três pilares, pois o desenvolvimento do ser humano como um todo tem implícita a consolidação do pensamento crítico e autónomo, a construção de conhecimento e o sentido ético perante a sociedade.

A Educação não se esgota nos sistemas formais de ensino. Está presente ao longo da vida (tal como a aprendizagem e os quatro pilares), em contextos não-formais e informais. A Educação e Formação de Adultos é uma das áreas de intervenção do universo da Educação e, dentro desta, o processo de RVCC ocupa um lugar de destaque pela especificidade da metodologia que utiliza, assente no balanço de competências e na narrativa autobiográfica. No entanto, também aqui se vai muito para lá das áreas de competências-chave, pois contribuiu-se para que cada pessoa fortaleça os seus alicerces, os seus talentos e os seus pilares… porque a Educação é, na realidade, um constante “tesouro a descobrir”.

Isabel Moio – Técnica de ORVC