I
Melhorar a proficiência no Português
Foi-lhe a força motriz para a inscrição
Mas foi muito mais aquilo que fez
Do primeiro momento à certificação
Nas dúvidas havia o Google Tradutor
Para converter a tradução em Mandarim
Porque aprender é também um ato de amor
Que tem começo mas não tem fim
II
Sempre de caderno aberto
E de lápis pronto na mão
Bebeu conteúdo de cada palestra, é certo
E, ao longo dos meses, de toda a sessão
Registou, fixou, cresceu
Como semente que germina com calma
E o que o processo com tempo lhe deu
Foi uma espiga dourada com alma
III
Foi no dia 11 de julho do ano corrente
Que aconteceu o júri de certificação
E cada história de vida de forma evidente
Apresentou a prova com saber e emoção
E porque um ponto de chegada
É um excelente ponto de partida
Que seja uma rampa esta etapa terminada
Para a aprendizagem ao longo da vida
Isabel Moio – Técnica de ORVC
Recalculando… chegou ao seu destino!
− Na rotunda, siga em frente.
E foi assim que os dois candidatos cuja sessão de certificação ocorreu no dia 08 de maio de 2024 saíram da rotunda na qual andavam às voltas e tomaram a decisão: o processo de RVCC seria a saída que lhes daria acesso a projetos maiores.
Ambos têm na condução a sua força motriz profissional: um, ligado ao transporte de passageiros; outro, ao de mercadorias. Apesar das diferentes tipologias, tiveram de cumprir a regulamentação laboral no que respeita aos períodos de condução nos quais se incluíram os tempos de viagem pelas áreas de competências-chave, agregando valor de cada uma e com ela enriquecendo o seu portefólio.
− Recalculando…
Alternativas profissionais e formações paralelas convidaram a desvios, mas o foco estava no destino.
STOP.
Às vezes também é preciso (saber) parar, seja para rever o caminho ou simplesmente para descansar. Os dois candidatos não descuraram os repousos e, apesar de o processo de RVCC lhes ser importante, a família também não saiu dos seus horizontes. E, mesmo quando encostados à box por opção própria, na berma do objetivo de concluir o 9.º ano, a equipa continuou a contactá-los para saber quando reuniam condições para prosseguir viagem.
− Continuar pela estrada principal.
Formação complementar: recordar o Inglês, transformar a Matemática de cálculos mentais rápidos em linguagem escrita coerente, aprofundar a Cidadania, ler com calma para extrair mensagens e reproduzi-las fielmente sob a forma de resumos, explorar as potencialidades que a tecnologia coloca ao nosso dispor… Portefólio: história de vida, recordações, fio condutor, encaixe da formação complementar com atribuição de sentido e de valor. E, finalmente….
− Chegou ao seu destino.
Os dois candidatos são um exemplo de que fizeram e fazem história da sua vida, não se deixando simplesmente arrastar por ela. Agora, com mais habilitações escolares em sua posse, a equipa do Centro Qualifica deseja que, mesmo que optem por caminhos menos convencionais, não percam o norte e lembrem-se que o retrovisor é mais pequeno do que o para-brisas porque é sobretudo para a frente que devemos olhar.
Isaebl Moio – Técnica de ORVC
As estações da vida
A Natureza tem muito para nos ensinar. Se dedicarmos algum tempo a observá-la, podemos retirar lições valiosas. A ciência opta muitas vezes por dissecar os seus elementos para melhor a entender. Já a arte prefere contemplá-la para se inspirar e criar obras que imortalizam os seus criadores, por exemplo Vivaldi é ainda hoje recordado pela composição de quatro concertos, “As Quatro Estações”. Também a candidata que foi a júri de certificação no passado dia 07 de março de 2024, soube apreciar a beleza das estações do ano e reconhecer estes ciclos na sua própria história de vida.
Assim, o seu trajeto na concretização do processo RVCC seguiu o fluxo das estações, pois a própria caracterizou a fase da sua vida, em que iniciou esta caminhada, como sendo o inverno, por ter sido forçada pela sua condição de saúde a repensar os seus projetos.
Rapidamente se adaptou ao processo RVCC, manifestando um esforço e empenho exemplares. Dedicou-se a cada tarefa com a mesma energia que usa para cavar a terra, a fim de depositar as sementes de uma primavera à espreita.
Derretida a neve da dúvida e insegurança, foi visível o seu crescimento e florescimento nas várias áreas, principalmente em Competência Digital, sendo agora autónoma no envio de emails ou no processamento de texto. Se a fluência verbal nunca lhe faltou para contar a sua história, foi preciso algum treino em Cultura, Língua e Comunicação para converter em palavras essas experiências e acrescentar folhas novas ao seu portefólio.
Em Cidadania e Empregabilidade encontrou a sua praia, o início do verão, complementando os conhecimentos. Mas mesmo com o Sol no seu auge, C. nunca se sentou à sombra, empenhando-se para dominar as contas de Matemática, Ciências e Tecnologia.
Finalmente chegou o outono, isto é, a hora da colheita, podendo agora saborear os frutos da sua dedicação e planear novos caminhos para este novo ciclo a iniciar.
Mikael Mendes – Técncio de ORVC
Sobre rodas
A equipa do Centro Qualifica sabe que, seja por que motivo for, a vida de cada candidato que aqui vem bater à porta não correu sobre rodas. Vicissitudes pessoais, familiares ou profissionais empurraram para “um dia mais tarde” o prosseguimento dos estudos.
Paradoxalmente, e de forma literal, a vida da F. tem decorrido sobre rodas. Contudo, olhando ao sentido metafórico, também não o foi, mas sim uma roda-viva com mudanças, adaptações e reaprendizagens.
Desde o início do processo de RVCC, sem nunca aqui ter sido deixada em roda livre, a equipa apresentou-lhe cronogramas e propostas de atividades de reflexão. Não pretendendo este processo reinventar a roda, porque assenta no que de melhor cada candidato conhece – as suas experiências – foi-lhe sugerido andar à roda da sua própria vida, com um olhar reflexivo, e à roda de diferentes conteúdos dentro de cada área de competências-chave.
Como uma roda dentada, tudo o que construiu em formação complementar foi encaixado no seu portefólio, gerando um movimento fluido que, no final, surpreendeu a candidata. “Eu fiz isso tudo?!”, questionava por vezes, quando tomava consciência do resultado do seu trabalho. Nesta contínua construção, o que a fez ficar com a cabeça à roda foi, sobretudo, a Matemática e o Inglês, áreas em que não se sentiu tão confortável.
A equipa acredita que, para a F., este processo foi uma roda dos alimentos onde terá encontrado nutrientes essenciais que absorveu para concretizar novos projetos e no centro desta, onde se encontra a água, está a energia com que encara cada dia e cada desafio.
Isabel Moio – Técncia de ORVC
Do fazer acontecer à paz
Existem três tipos de pessoas: as que deixam acontecer, as que fazem acontecer e as que perguntam o que aconteceu. Acontecer começa com A, assim como o nome das duas candidatas que concluíram o processo de RVCC no dia 20 de dezembro de 2023. O A é a primeira letra do alfabeto, o que encima cada uma das candidatas na lista dos seus próprios projetos de vida. E um deles foi precisamente este: a realização deste processo. Seja por motivos de índole pessoal ou profissional, o denominador comum foi partilhado: aumentar o nível de qualificação escolar.
De atitude silenciosa e discreta ou destemida e aventureira, as duas candidatas souberam olhar para cada área de competências-chave como uma oportunidade de evoluir como ser humano e de aprender. Entre a vontade de arriscar ou, perante dúvidas e inseguranças maiores, de desistir, ambas não voltaram as costas aos desafios e, à sua maneira, dialogaram com os seus receios e enfrentaram-nos com a maturidade que um processo desta natureza requer. De memórias mais vívidas e precisas ou mais baças e diluídas, peça a peça foi-se construindo uma imagem unificadora de sentido e de significado: a história de vida.
No final do processo há também vários sentimentos comuns: o orgulho, a realização, a autoestima e a gratidão são alguns deles. As candidatas terminaram assim o processo de RVCC: com uma leveza interior que lhes transmite paz… palavra cuja última letra é a última do alfabeto, mas não do seu portefólio, pois a vida continua para lá desta etapa, para lá do Natal e para lá do virar de mais um ano.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
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Saber esperar…
…é uma virtude, diz-nos a sabedoria popular. E, no dia 22 de junho, na sessão de júri de certificação, foi possível verificar como histórias de vida e escolhas tão diferentes tiveram este lema como denominador comum, além dos receios de voltar a uma escola sem ser para participar em reuniões como encarregadas de educação.
Se a R. tinha noção de que as letras iriam causar-lhe entropia, já para a C. esse papel seria assumido, sobretudo, pelos números. Estavam assim encontradas, à partida, duas das áreas mais desafiantes: Cultura, Língua e Comunicação e Matemática, Ciências e Tecnologia.
Foi preciso saber esperar para perceber que, hoje, a idade é outra e a forma de assimilar conteúdos e acondicioná-los nos existentes também é diferente. Aos poucos, a C., habituada a conviver com duas vozes dentro de si – uma que tenta travá-la e fazê-la não acreditar que consegue alcançar os seus objetivos e outra que lhe diz para confiar e seguir em frente –, aprendeu a geri-las e a dar mais importância à que a encoraja. Já a R., tão dedicada nos seus poucos tempos livres ao cultivo do seu terreno e conhecedora das suas necessidades, soube durante o processo de RVCC deitar a semente à terra, regar e cuidar para lhe ser possível colher o tão esperado fruto.
Nem sempre é fácil saber esperar, sobretudo num mundo em que tudo acontece tão depressa, em simultâneo e em que tanto se pretende instantaneamente. Saber esperar é uma virtude que nos protege e fortalece diante de adversidades e ajuda a agir com um propósito de vida. Embora a espera por vezes possa ser longa, é importante não abandonar com antecedência os objetivos e esperar vivendo e não apenas esperando… e foi precisamente isso que a C. e a R. fizeram antes de tomarem a decisão de entrar pela porta do nosso Centro Qualifica.
Isabel Moio – Técnica de ORVC
Melhor de mim
Nos momentos finais do processo de RVCC os olhares brilham e os sorrisos tímidos ganham um vigor que mistura tranquilidade, esperança e orgulho. Para trás, mas não esquecido, fica o suor e o sacrifício. A conciliação, nem sempre suave, das responsabilidades familiares como pais, mães e cuidadores com as sessões do processo de RVCC que, embora se paute pela flexibilidade, também requer compromisso, presença e trabalho.
Porém, falta o exercício final: resumir a vida e o que significou, nela, o processo de RVCC para daí emergir o título do portefólio parece uma tarefa simples, mas afigura-se um desafio.
‒ Sinto-me feliz porque consegui chegar aqui! Serve?
‒ É um ponto de partida… Agora, que imagem lhe sugere?
‒ Não tenho ideias, só sei que dei o melhor de mim!
Eis, “O melhor de mim”. Sabemos que, tal como a fadista Mariza canta, “hoje a semente que dorme na terra e que se esconde no escuro que encerra… amanhã nascerá uma flor”. Também compreendemos que existem dias mais escuros, mas é importante ter presente a semente que cada candidato é. E foi com esta mensagem que terminou a sessão de júri de certificação do dia 4 de janeiro de 2023.
Isabel Moio – Técnica de ORVC