Desacelerar para avançar


A vida ensina que nem sempre se deve acelerar para avançar. A candidata que obteve a certificação de nível B3 no dia 19 de julho de 2023 é prova viva disso. Apesar de ter iniciado processo de RVCC em maio de 2022, apenas naquele dia o concluiu porque, nesta janela temporal, deparou-se com dinâmicas de vida pessoais e familiares que exigiram mais da sua presença e da sua dedicação.

Numa fase inicial, chegou a comparecer a sessões de manhã e de tarde ou de tarde e de noite, o que exigiu de si uma mais apurada gestão de tempo quando, na altura, deixava a sua filha mais nova, com apenas dois meses, a chorar ao colo da sogra, um dos seus portos de abrigo. Se em “dois minutos” pensava que “já escrevi tudo”, gradualmente foi ultrapassando as dificuldades que encontrava sobretudo na Matemática e no Inglês e conseguiu cumprir um novo patamar de qualificação.

Durante estes meses, a candidata sentia que devia uma explicação quando não podia comparecer, o que demonstra a seriedade com que assumiu este propósito de vida. A equipa ouviu-a e respeitou os seus tempos, compreendendo também que a sua sessão de júri seria mais uma vitória dentro da vitória que já lhe era o processo.

Requereu uma presença quase sistemática ao seu lado, inclusive para a ajudar a abrandar o ritmo, a pensar e a ponderar – papel também desempenhado pelos sinais de pontuação, que tinha dificuldade em utilizar, tal a impulsividade. E foi assim que reconheceu que para subir degraus mais altos ou até desnivelados é necessário, por vezes, desacelerar na vida para, então, poder avançar com passo mais firme e seguro.

Isabel Moio – Técnica de ORVC

Volta ao mundo em 80 segundos


Em 1983, Júlio Verme apresentava uma viagem pelo globo na sua obra “Volta ao Mundo em 80 dias”. O mundo mudou muito desde então, sendo que assistimos à rápida evolução das tecnologias que nos obriga a adaptarmo-nos a todo o momento. Se por um lado cresce a quantidade de equipamentos e inovações que simplificam o nosso quotidiano, inversamente diminui a distância que nos separa. Tudo parece quase instantâneo e cria-se a ilusão que o outro lado do mundo fica ao virar da esquina. Em menos de oitenta segundos é possível ligar-se a qualquer parte do mundo. Todas estas mutações exigem cada vez mais a capacidade de nos adaptarmos aos acasos da vida, pois como dizia o filósofo Séneca “a Sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra alguém preparado”.

Assim serendipidade foi o traço que caracterizou o percurso de A. que soube transformar as incertezas da vida em oportunidades de crescimento. Natural do Brasil, foi em Portugal que decidiu aumentar a sua escolaridade através do processo RVCC.

Se para A. Portugal foi o destino, para C. seria apenas o ponto de partida. Levado pelas responsabilidades profissionais, C. viajou pela Índia, mas foi na China que encontrou o seu pouso. Habituado a desafiar os limites, este candidato não deixou que a distância o intimidasse, nem que a Muralha da China o contivesse. Com um desfasamento de oito horas foi construindo o seu portefólio e graças à plataforma TEAMS pôde estar virtualmente presente para a sessão de júri de certificação.

A conclusão desta etapa para estes dois candidatos, nos dias 6 e 7 de julho,  é apenas a paragem de escala, antes de novos e mais altos voos, umas vez que ambicionam seguir para o ensino superior.

Mikael Mendes – Técnico de ORVC

Troféu e conquista


O H. e o P. obtiveram a certificação do 9.º ano de escolaridade no dia 14 de julho, pelo processo de RVCC. Para o H., este momento foi um troféu. Para o P., uma conquista. O denominador comum reside no facto de se tratar de uma vitória e ambos estavam cientes de que teriam de passar por algumas provas até ao momento da certificação. O portefólio e a formação complementar eram apenas duas delas, mas a maior estava do lado dos candidatos: persistência, compromisso e superação.
Foi sobretudo nas sessões de formação complementar de matemática que, mediante sugestões da formadora, o H. teve sede de ir mais longe. Não se limitou a compreender e a aplicar o Teorema de Pitágoras, mas a pesquisar sobre a vida do filósofo e matemático grego. Não se contentou em compreender o que são as probabilidades, mas com espírito atento passou a interpretar criticamente a informação do verso das raspadinhas, onde são indicadas as probabilidades de sair prémio.
Para o P., focado na indústria 4.0, na melhoria contínua e em equipamentos e automatismos amigos do ambiente, muitos dos poucos momentos de lazer são passados em jogos no telemóvel. Se há linguagem que domina é precisamente essa e não tanto a Linguagem e Comunicação como é trabalhada, sobretudo na forma escrita, neste jogo que é o processo de RVCC. No entanto, e porque se deixou viciar por ele, de forma a ultrapassar as suas dificuldades sentiu-se impulsionado para a compra de dois livros, encontrando-se já a ler um deles, intitulado ‘Start STOP’.
Tal como neste livro, que ensina o leitor a parar, a recuperar e a repor o equilíbrio necessário entre a vida pessoal e profissional, no sentido de melhorar a qualidade de vida sem comprometer a produtividade, desejamos que o H. e o P. saibam parar quando necessário, sem desistir, e recomeçar sempre que as energias lhes permitam para que as vitórias, como o foi esta conquista e este troféu, continuem a ser uma realidade.

Isabel Moio – Técnica de ORVC

Renovadas ambições


Quem nos chega às mãos traz as suas calejadas dos ofícios da vida. Inicialmente podem não saber ao que vêm. Mas trazem uma determinação que com facilidade lhes lemos nos olhos: aumentar as qualificações escolares é um dos seus propósitos.

As canetas? Trocadas por outras ferramentas e artes. Os bancos da escola? Abandonados por quem, desde então, raramente se senta para descansar. As disciplinas? Substituídas pelo singular: disciplina, aquela que a vida lhes ensina a exercer com mestria para que cada dia seja bem planeado e todos os recursos bem geridos, entre tarefas e responsabilidades.

Não foram necessárias muitas sessões para que a autoestima e a autoconfiança das candidatas começassem a ganhar uma nova cor e um novo vigor. Voltaram a criar afinidade com as canetas e com os bancos da escola. E, neles, encontraram o impulso não apenas para refletir sobre os seus ímpares percursos de vida, mas também para fortalecer conhecimentos no âmbito das sessões de formação complementar. À medida que a sua história de vida ganhava corpo confidenciaram, não raras vezes, que “se não fosse o processo, já nem me lembrava disto” e, com esta constatação, a equipa procurou que cultivassem a capacidade de valorizar o que comporta os seus trajetos e a forma como impactaram na pessoa que, hoje, são.

Se sempre foi macio? Cremos que não. Se sempre foi harmoniosa a conciliação de compromissos familiares e profissionais? Também. Mas acreditamos que há mais soluções para problemas do que problemas para soluções. Por isso, que a capacidade de superação e de alcance de projetos seja, para as candidatas, a prova disso.

Isabel Moio – Técnica de ORVC

(Re)pensar no futuro


E um mês depois, voltámos às nossas sessões de certificação, com recurso à plataforma Teams.

Motivado e empenhado em concluir um dos seus projetos de vida, desde a primeira sessão que o Luís, com confiança e afinco, foi desenhando as linhas do seu portefólio reflexivo de aprendizagens, polindo com o apoio da equipa todas as dúvidas e incertezas que lhe iam surgiam.

Para si, o Processo de RVCC era o motor para a sua valorização pessoal e a oportunidade de adquirir novos conhecimentos e, por isso, revelou sempre uma postura atenta e curiosa em todas as sessões de reconhecimento de competências e de formação complementar.

Ontem, finalmente, conseguiu encerrar um dos capítulos da sua vida: a conclusão do ensino secundário. Mas tal como Piaget um dia referiu, “a principal meta da educação é a criação de homens que sejam capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram” e, por isso, desejamos que a concretização deste objetivo seja apenas  o início de uma vida repleta de novas descobertas e intensas aprendizagens.

Patrícia Amado – Técnica de ORVC

O culminar de um sonho


Resiliência, empenho e humildade, foram três características que a Ana Paula e a Tânia revelaram na realização do Processo RVCC de nível secundário.

Conciliando os seus compromissos familiares e profissionais, esta duas candidatas, com percursos muito distintos foram, a cada dia, e com o seu o cuidado (re)construindo o seu portefólio, e seguindo viagem pelo reconhecimento dos seus saberes e competências.

O dia 22 de dezembro foi o culminar dessa exploração. Com alguma ansiedade à mistura, mas também confiança, estas duas candidatas provaram, uma vez mais, que as aprendizagens podem ocorrer nos mais variados momentos das nossas vidas e, por isso, foi com orgulho e uma forte emoção que viram que todo o sacríficio depositado neste projeto tinha-lhes valido apena.

Desejamos que a certificação de nível secundário seja uma janela de novas oportunidades para que possam continuar a escrever o futuro com as cores da esperança e do conhecimento.

Patrícia Amado- Técnica de ORVC

Balanço do processo RVCC


O tempo é unidirecional, tal qual a vida.

Podemos compará-la a uma corrida. Uns correm mais velozmente, outros num ritmo mais lento, mas todos correm sem exceção. Não sabemos qual o destino final, mas todos estamos em movimento…

Realizar o processo RVCC foi como ir a correr ao lado de outros corredores, decidir respirar mais fundo e usar esta “alpondra” virtual para ganhar mais velocidade.

O facto de descolar do aglomerado de corredores, naquele compasso e ritmo constantes, deu-me uma perspetiva sobre o “mundo” de assistência que nos observa, e uma visão mais clarividente daquilo que temos pela frente.

No momento do arranque pensei se teria fôlego suficiente para aguentar a “arrancada”. Mas à medida que fui impulsionando os movimentos a confiança foi aumentando. Apesar dos desafios e da distância considerável, os aplausos do público bem como as palavras de incentivo , foram um tónico extra para não baixar o ritmo.

A estratégia estava definida. Estar focado, sem distrações. Mais, as orientações e sugestões dadas pelos treinadores também foram determinantes.

Correr segundo as regras e respeitar os tempos mínimos de cada volta, foram imprescindíveis em cumprir o objetivo final, cortar a meta.

À medida que corria as imagens mentais de atletas veteranos e campeões, dos quais li, ou visionei sua história quais exímios competidores, ajudaram a ter a energia suficiente para não desistir, a relevar a dor e o desconforto muscular e a dizer no final, Bravo!…

…a vitória foi de todos!

João Domingues – Candidato do processo RVCC de nível secundário

A vida em metáforas


Cada pessoa que chega ao nosso Centro traz o novelo de uma História de Vida que, connosco, vai desfiando sessão após sessão. Com o desenrolar do Processo de RVCC, começamos a conhecer alguns dos palcos das suas vidas, nos quais foram o ator principal no desenvolvimento de competências. E é na sequência da díade equipa-candidato que vamos compreendendo como cada vida pode resumir-se numa metáfora.

No dia 02 de julho, com o respeito pelas regras às quais a situação pandémica atual nos obriga, decorreu uma sessão de júri de certificação presencial, que concedeu a um candidato o nível B2 e a duas candidatas o nível B3. Durante o processo houve um denominador comum a estes três candidatos: a transição do regime presencial para uma modalidade à distância. Foi, para todos, um dos mais significativos desafios, pois depararam-se com a necessidade de reajustar os seus tempos e os seus modos de vida a esta nova condição.

A todos, no final desta caminhada, foi colocada a questão: “se tivesse de resumir o processo numa imagem, qual seria?”. O candidato do Nível B2 disse-nos, com um sorriso, que se revê no espelho de um carro em andamento porque ao mesmo tempo que teve de olhar para o passado e para as suas experiências de vida, continua em movimento sem perder o sentido da sua viagem e do caminho que pretende seguir. A uma das candidatas o processo faz lembrar um livro porque construir o seu portefólio foi como viajar pela sua própria história de vida, virando uma página todos os dias. A outra candidata associou o processo a uma montanha. De facto, para chegar ao topo, sentiu necessidade de parar algumas vezes para respirar fundo e tomar fôlego. Os conhecimentos de TIC funcionaram como uma corda à qual se agarrou para não deixar resvalar esta oportunidade e continuar a escalada.

Acreditamos, como Equipa, que deste momento em diante ainda há muitas viagens e paisagens em movimento, muitas páginas para escrever e por mais agrestes que possam ser algumas montanhas, há sempre azul (luz) e verde (esperança) em redor e estas cores devem prevalecer, independentemente da altitude e das características morfológicas das cordilheiras da vida de cada candidato.

Isabel Moio – Técnica de ORVC