No dia 10 de fevereiro, numa parceria com a biblioteca escolar, tivemos o prazer de receber Paulo Santos, na Escola Secundária de Pombal, para uma palestra esclarecedora sobre o mundo fascinante das abelhas e a sua importância para a sustentabilidade.
Paulo Santos apresentou o seu projeto “Cuscas”, que nos deu a conhecer o mundo maravilhoso destes insetos. A discussão destacou o papel vital das abelhas na polinização e as potenciais consequências do seu desaparecimento, incluindo o impacto na qualidade e quantidade dos nossos alimentos
As abelhas são o ser vivo mais importante do planeta porque são responsáveis pela polinização de 70% das culturas agrícolas, com destaque para: 100% das amêndoas, 90% das maçãs, 90% dos mirtilos, 48% dos pêssegos, 27% das laranjas, 16%do algodão, 5% da soja. Também contribuem para uma boa parte do oxigénio, permitem a existência de herbívoros que nos proporcionam os seus derivados como o leite, queijo e iogurtes, ajudam no ciclo da água pois este está diretamente ligado à biodiversidade.
O mel possui propriedades nutritivas e terapêuticas que trazem vários benefícios à saúde, é capaz de proteger as células do envelhecimento precoce e regular os níveis de triglicerídeos e colesterol. Por ser rico em antioxidantes, o mel ajuda a diminuir a pressão sanguínea, além de conter propriedades antimicrobianas, combatendo infeções causadas por fungos, vírus e bactérias e aliviando a dor de garganta e a tosse. Do ponto de vista nutricional, o mel pode ser usado como adoçante natural e substituto de outros açúcares. O jogador de futebol Pepe afirmou que o segredo da sua longevidade passa pelo consumo diário de mel, que recebe de um amigo que o traz do sul do Brasil, que é muito típico da região, acrescentando que “com um mel daqueles estás imune a muitas coisas”.
Como insetos sociais, as abelhas vivem em colónias onde se dividem em hierarquias e possuem funções bem definidas. Em cada colónia existe uma rainha, de cinco a cem mil abelhas operárias e por volta de quatrocentos zangões. As funções de cada uma garantem a sobrevivência da colmeia. Após a cópula entre a abelha rainha e o zangão, a rainha deposita um ovo nos alvéolos da colmeia que as operárias fizeram anteriormente. Quando o ovo completar 3 dias, torna-se uma pequena larva e permanecerá nesse estado por 21 dias. As operárias serão agora responsáveis por alimentar com pólen essas larvas. O zangão morre após o acasalamento A divisão do trabalho na colmeia acontece de acordo com a idade dos insetos. Os trabalhos externos são, geralmente, realizados pelas operárias mais velhas e experientes, já que, ao sair, elas arriscam a vida e encontram predadores.
A vida adulta das abelhas está dividida em quatro fases:
– Do 5º ao 10º dia, são chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentação das larvas em desenvolvimento. Nesta fase apresentam grande desenvolvimento das glândulas produtoras de geleia real.
– Do 11º ao 20º dia, produzem cera para construção de favos, quando há necessidade, pois nesta idade as operárias apresentam grande desenvolvimento das glândulas ceríferas. Além disso, recebem e desidratam o néctar trazido pelas campeiras, elaborando o mel.
– Do 18º ao 21º dia, realizam defesa da colmeia. Representam órgãos de defesa bem desenvolvidos, com grande acumular de veneno. Podem também participar no controlo da temperatura da colmeia.
– Do 22º dia até à morte, realizam a colheita de néctar, pólen, resina e água. São denominadas por campeiras.
As abelhas enfrentam, no entanto, grandes ameaças globais devido ao uso de pesticidas na agricultura, mas também sofrem com as alterações climáticas e os incêndios. Então, surge a apicultura urbana. O palestrante, Paulo Santos, apresentou o caso de uma cidade holandesa que criou jardins por cima das paragens dos autocarros. Em Paris, os telhados dos monumentos como a catedral de Notre Dame e a Ópera foram escolhidos para acolher as colmeias que acabam por ser uma atração turística. Em Portugal, temos o caso do município de Guimarães que apadrinhou o projeto e colocou colmeias nos seus edifícios. Lisboa abriga cerca de 140 espécies de abelhas em monumentos como o Mosteiro dos Jerónimos.
O palestrante apelou à plantação diversificada de flores tais como jarros, coentros, girassol, margaridas, alfazema, rosas e erva de gato. Como as abelhas precisam de alimento ao longo do ano, é necessário plantar flores que floresçam em diversas estações do ano.
A viagem ao mundo das abelhas, guiada por João Santos e o seu projeto “Cuscas”, revelou-nos a beleza e papel crucial que as abelhas desempenham no nosso ecossistema e na nossa própria sobrevivência. Que esta experiência nos inspire a olhar para estes insetos como sentinelas da biodiversidade, como lembretes constantes da intrincada teia que liga todos os seres vivos.
Daniel, David, Márcio, Sérgio, Sílvia e Marina – Candidatos do processo de RVCC – Nível Secundário