O ser humano tem tendência a ser muito autocentrado, imaginando-se no centro do Universo (Antropocentrismo). Esta característica faz-se sentir aos mais variados níveis, influenciando a sua visão do mundo. Em tempos, acreditava ser literalmente o centro do Universo, com o Sol e todos os astros a circularem em torno da Terra. O desenvolvimento científico veio comprovar que o Sol está no meio do nosso Sistema Solar, por sua vez localizado na periferia da Via Láctea. Também na religião existe a propensão para atribuir traços humanos às divindades. Já na biologia, o ser humano é colocado no topo da cadeia alimentar, como único detentor de inteligência, emoções ou consciência. Também esta visão tem sido desacreditada pelas evidências científicas, que cada vez mais reconhecem competências de resolução de problemas, de aprendizagem ou de comunicação aos restantes animais.
Foi sobre esta temática que S. baseou a sua apresentação na prova de júri de certificação que se realizou no dia 24 de julho, inspirada pela obra “O Jardim dos Animais com Alma” de José Rodrigues dos Santos.
A candidata é defensora dos direitos dos animais, pelo que acolheu com naturalidade a proposta de leitura do Centro Qualifica. Na sua exposição referiu exemplos das competências dos animais, nomeadamente a capacidade dos chimpanzés comunicarem através de língua gestual. Mencionou o veganismo e vegetarianismo, reconhecendo que nem todos nos revemos nestes estilos de vida. Se por um lado, já existe um selo para comprovar condições de bem-estar animal na indústria de criação de gado, por outro o impacto ambiental de uma dieta rica em proteína animal não é negligenciável. Contudo, a produção em grande escala de produtos vegetais não está isenta de riscos, sendo que o cultivo de soja ou cacau está associado a elevadas taxas de desflorestação ou mesmo à exploração infantil.
A conclusão desta apresentação foi que devemos ser consumidores conscientes e atentos, que equilibram e integram informações muito divergentes. Se optarmos por seguir uma dieta mediterrânica, com consumo de produtos regionais e sazonais, ingerindo quantidades moderadas de carne ou de peixe, podemos fazer a diferença e diminuir a nossa pegada ecológica.
Mikael Mendes – Técnico de ORV