Várias são as obras de ficção científica em que as naves circulam pelo espaço com a mesma facilidade com que hoje apanhamos um voo para uma cidade do outro lado do mundo. Nestas realidades existem múltiplos planetas habitáveis e o ser humano assume de novo o papel de explorador e por vezes colonizador desses habitats. No entanto, apesar de toda a evolução tecnológica, ainda não foi possível identificar de forma inequívoca um planeta que reúna as condições ideais à vida, quanto mais termos meios de viajar até lá. Muito provavelmente será uma questão de tempo, mas no compasso de espera, a única certeza é que apenas existe um planeta Terra e que da sua preservação depende a nossa sobrevivência. Claro que mesmo havendo outros mundos, não deixaríamos de ser responsáveis por salvaguardar o nosso “berço”, que é também o lar de muitas outras espécies.
Foi sobre este dever que se focou a apresentação[1] feita por uma candidata na sua prova de certificação do processo RVCC de nível secundário no passado dia 16 de abril de 2025, inspirada pela obra de Louise Bradford “Salvem o Mundo – Não existe planeta B”. Lembrando que o termo ecologia deriva da palavra grega oikos que significa lar, é em casa que podemos começar, implementando estratégias simples para poupar energia e água, reduzir o desperdício e evitar os produtos químicos mais nocivos para o ambiente e saúde. Por outro lado, ao adotarmos uma dieta mediterrânica, moderando a ingestão de carne e peixe e privilegiando o consumo de produtos locais e da época, bem com o azeite, podemos reduzir de forma muito significativa a nossa pegada de carbono. A água é um bem escasso (apenas 3% da água no mundo é potável), pelo que devemos implementar medidas para preservar este recurso. Para isso não basta ter em conta o nosso consumo direto, mas devemos estar alerta para a água utilizada na indústria, por exemplo para produzir um smartphone são utilizados 11 350L de água. Também o plástico apresenta grandes desafios ambientais, pois leva centenas de anos a decompor-se, produzimos toneladas deste produto todos os anos e apenas 9% do plástico chega devidamente às centrais de reciclagem. O restante vai parar aos oceanos e aterros, sendo responsável pela morte de milhares de animais marinhos. Para mudar basta repensar os nossos hábitos, nomeadamente a forma como vamos às compras. Pensando no exemplo da roupa, podemos investir em peças de vestuário de qualidade, com mais durabilidade, evitando a fast fashion. Também os tecidos escolhidos contribuem para o impacto ambiental, podendo privilegiar-se tecidos naturais. Finalmente para reduzir o consumismo podemos adotar a estratégia do armário-cápsula, em que se limita o número de peças de vestuário a 30, 50 no máximo (contando o calçado) e fazendo compras conscientes. O excedente pode ser doado, vendido ou reutilizado. Está nas mãos de cada um de nós contribuir para a mudança.
[1] https://gamma.app/docs/Salvem-o-Mundo-Nao-Existe-Planeta-B-8zjafhhedqv8cfv
Mikael Mendes – Técnico de ORVC