…é uma virtude, diz-nos a sabedoria popular. E, no dia 22 de junho, na sessão de júri de certificação, foi possível verificar como histórias de vida e escolhas tão diferentes tiveram este lema como denominador comum, além dos receios de voltar a uma escola sem ser para participar em reuniões como encarregadas de educação.
Se a R. tinha noção de que as letras iriam causar-lhe entropia, já para a C. esse papel seria assumido, sobretudo, pelos números. Estavam assim encontradas, à partida, duas das áreas mais desafiantes: Cultura, Língua e Comunicação e Matemática, Ciências e Tecnologia.
Foi preciso saber esperar para perceber que, hoje, a idade é outra e a forma de assimilar conteúdos e acondicioná-los nos existentes também é diferente. Aos poucos, a C., habituada a conviver com duas vozes dentro de si – uma que tenta travá-la e fazê-la não acreditar que consegue alcançar os seus objetivos e outra que lhe diz para confiar e seguir em frente –, aprendeu a geri-las e a dar mais importância à que a encoraja. Já a R., tão dedicada nos seus poucos tempos livres ao cultivo do seu terreno e conhecedora das suas necessidades, soube durante o processo de RVCC deitar a semente à terra, regar e cuidar para lhe ser possível colher o tão esperado fruto.
Nem sempre é fácil saber esperar, sobretudo num mundo em que tudo acontece tão depressa, em simultâneo e em que tanto se pretende instantaneamente. Saber esperar é uma virtude que nos protege e fortalece diante de adversidades e ajuda a agir com um propósito de vida. Embora a espera por vezes possa ser longa, é importante não abandonar com antecedência os objetivos e esperar vivendo e não apenas esperando… e foi precisamente isso que a C. e a R. fizeram antes de tomarem a decisão de entrar pela porta do nosso Centro Qualifica.
Isabel Moio – Técnica de ORVC