A A. teve a coragem que muitos não têm: arrancar as suas raízes do seu país de origem, a Roménia, para as transplantar noutro, que a acolheu. Escolheu Portugal. Mas, para agarrar bem à terra, como gostam as plantas que querem crescer fortes e firmes, tem enfrentado as barreiras linguísticas que ainda sopram agitadas e lhe dificultam uma integração plena e mais participativa.
Frequentar um curso de Português Língua de Acolhimento poderia ajudá-la a desabrochar. Contudo, o horário de trabalho que pratica impede-a não apenas de passar mais tempo com os seus filhos, mas também de cumprir a assiduidade requerida por aquele curso.
Por isso, viu no processo de RVCC um rasgo de luz e um raio de sol que poderia aquecer-lhe as pétalas e amaciar os espinhos da língua portuguesa. Não havendo soluções ideais nem milagres, a Equipa procurou dar-lhe as condições de que necessitam as plantas corajosas para crescer com determinação. Assim, durante este percurso foi ganhando a autoconfiança que lhe permitiu melhorar as suas competências na escrita, na oralidade e na leitura, mas também na informática e no raciocínio matemático, ciente de que o caminho a percorrer na aprendizagem ao longo (e em todos os espaços) da vida não encerra com o término do processo de RVCC.
Aos poucos, a A. foi-se libertando da sua timidez inicial, mostrando a fibra de que também é feita de modo a poder partilhar, no dia 03 de abril de 2025, o resultado de um percurso de (auto)descoberta e de (auto)conhecimento que lhe foi exigente e desafiante, mas que a Equipa do Centro Qualifica também acredita que terá sido enriquecedor, construtivo e projetivo.
Isabel Moio – Técnica de ORVC