No dia 15 de fevereiro, rumámos até Leiria e Marinha Grande. Chegara o dia da nossa visita de estudo!
No período da manhã, fizemos diferentes atividades no âmbito das respetivas áreas técnicas e, à tarde, depois do almoço na escola secundária Domingos Sequeira, iniciámos o roteiro literário “Miguel Torga”, guiados pela Dra. Ângela, da Câmara Municipal de Leiria. Foi interessante o facto de ter distribuído excertos da obra A criação do mundo a diversos alunos, que os leram quando foi solicitado. Não sabíamos que Miguel Torga, no início da sua vida profissional como otorrinolaringologista, tinha tido um consultório em Leiria. Por causa de uma viagem que fez pela Europa e sobre a qual escreveu no seu livro, mostrando como os europeus viviam sob regimes fascistas – como o Franquismo em Espanha -, foi preso pela PIDE assim que saiu a primeira edição do livro. Vimos o edifício perto da praça Rodrigues Lobo onde ele teve o seu consultório e de onde foi levado pelos agentes, e, em seguida, subimos até ao edifício onde outrora esteve preso. A Dra. Ângela contou-nos uma história excecional sobre amizade, que decorreu ao longo do percurso no autocarro que o transportou até à cadeia do Aljube. Os amigos seguiram-no de carro e em cada paragem entrava um que se sentava atrás dele sem lhe dizer uma palavra. Deste modo, mostravam a Torga que ele não estava sozinho. Em momentos de repressão das liberdades individuais, o ser humano pode mostrar o melhor de si!
Ao final do dia fomos ao MIMO, Museu da Imagem em Movimento. Na sala pré-cinema, vimos vários objetos que nos transportam aos primórdios da projeção de imagens e da ilusão do movimento. A guia explicou-nos, recorrendo a um rudimentar projetor, como é que antigamente o lanternista andava pelo país a projetar imagens com placas de vidro ilustradas. Conseguia contar uma história projetando imagens durante 20 minutos. No interior do “projetor” estava azeite e um pavio que ia ardendo e permitia a existência de luz no interior. O objeto tinha uma pequena chaminé por onde saía o fumo. Mais tarde, com a máquina fotográfica, já foi possível uma sequência. Foi a partir deste conhecimento que evoluiu o cinema, quando os irmãos Lumière criaram a ilusão do movimento. Em todos os casos e, ainda hoje, cinema e luz têm sempre de coexistir. Pudemos deambular pelos diferentes espaços e gostámos especialmente da Oficina do Olhar, que oferece diferentes atividades de experimentação, que nos fazem entrar no mundo do cinema, do ponto de vista da técnica.
Foi, pois, um dia bem passado, de muita aprendizagem e confraternização, quer com os colegas de todos os cursos profissionais quer com os nossos professores.
Os alunos dos cursos profissionais de 3ºano