Auto de moralidade ambiental composto pela turma 9ºG. Pretende mostrar que a defesa do planeta determina o nosso destino depois da morte: ou o Inferno ou o Paraíso.
Vigiai as vossas ações!
Chega ao cais uma jovem rapariga de tranças, carregada de cartazes e de microfone na mão. Greta vai em direção à barca infernal, manifestando-se.
Para frente à barca do submundo: | |
Greta | Como se atrevem a destruir a nossa casa? Como se atrevem a viajar de jato particular Para a cimeira onde sobre a crise climática vão falar? |
Diabo | Greta, também morreste? How dare you? |
Greta | Mais tempo eu queria ter tido Para ajudar este planeta ferido. |
Diabo | Oh! Pirralha, o teu planeta já não tem salvação! Nem a tua geração. |
Greta | No entanto, a minha geração Não é culpada por toda esta poluição! |
Diabo | E esses cartazes que trazes contigo, Para quê tanto capricho Se no final é tudo lixo? |
Greta | Aí é que se engana, Todos os cartazes que eu trago ao meu lado, São de material reciclado! |
Diabo | Miúda, já que te preocupas tanto com poluição, Nem sigas caminho para a barca divinal Já que lá só farás poluição sonora e visual. |
Greta, chateada, vai em direção à barca divinal:
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Greta | Há lugar para mim? |
Anjo | Entrai, entrai, Greta! Que aqui a espero, Pois o bem tentastes fazer Para o nosso planeta proteger. |
E assim Greta embarca.
Chega, desorientado, Leonardo DiCaprio, e entra no cais. |
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Diabo | Onde vais, meu velho jovem? |
DiCaprio | Salvar esta Terra quase morta, que está moribunda à vista de quem não se importa! |
Diabo | Pensas tu que vais salvar o mundo sozinho? |
DiCaprio | Vale mais sozinho do que mal-acompanhado! |
Diabo | Sozinho!? Eu estou contigo… para te atrapalhar ah! ah! ah! |
DiCaprio | Gozas comigo, Lúcifer?! |
Diabo | Nãããããããão, eu até sei a política dos três ferros quentes! |
DiCaprio | I don’t understand… |
Diabo | Os três ferros quentes: queimar, queimar, queimar! |
DiCaprio | Ui, isso parece má ficção científica!
É a política dos cinco R: reciclar, reutilizar, reduzir, repensar e recusar. |
Diabo | Ui! Já estão no Passeio da Fama,
essas palavras com tanta chama? E cumpres esses RRRRRRR fenomenais? |
DiCaprio | A minha vida é um mar de preocupações ambientais! |
Diabo | A minha também.
Há dias fui nadar, encontrei umas sapatilhas no fundo do mar. De que marca eram? |
DiCaprio | Isso não me disseram. |
Diabo | Titanike ahahahahahaha |
DiCaprio | Pelo fato da Ladybug! E o Óscar da pior piada vai para… |
Diabo | Di!! Entra aqui, ator gentil, e a estatueta ficará no teu perfil! |
DiCaprio | Apanha-me, se puderes! |
DiCaprio salta para a bicicleta e vai em direção ao batel divinal, onde é recebido pelo Anjo. | |
DiCaprio | Para onde vai esta barca? |
Anjo | Near, far, wherever you are… |
DiCaprio | Pelas barbas do Hitchcock! Mas nunca mais me livro disto?! Há lugar para mim na passadeira verde ambiental? |
Anjo | Foste um bom jovem Com um bom coração Defendeste as tuas ideias, Contribuíste para um mundo melhor. Ajudaste quem estava necessitado Cumpriste a tua missão E mereces ser recompensado. |
Di Caprio entra na barca e encontra Greta, com quem fofoca. | |
DiCaprio | Bestie, não vais acreditar! |
Greta | Pois nem eu, já viste a lata do Diabo?! |
DiCaprio | Já me estava a enervar, a gozar com o meu trabalho. |
Greta | E eu cheia de ecoansiedade!
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E assim vão ao encontro do paraíso…
No cais está Donald Trump no seu avião presidencial, deixando um grande rasto de poeira. |
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Diabo | Entrai, entrai, meu parente! |
Trump | Cuidado, que sou ex-presidente! |
Diabo | O que vós trazeis no avião? |
Trump | A sua dignidade é que não. |
Diabo | Entrai nesta barca que é a melhor. |
Trump | Nesta é que eu não vou, poluidor-mor Eu quero ir para o Paraíso! |
Diabo | Mas minerastes as montanhas a sorrir
E com o avião foi só poluir! |
Trump | Porém, dinheiro para o meu país produzi. |
Diabo | Entrai, entrai, que já é hora
Hora de ir embora.
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Irritado, Donald aproxima-se da barca divinal | |
Trump | Hou lá da barca!
Gostaria de embarcar nesta arca |
Anjo | Esta embarcação é divinal Não está sujeita a alguém tão banal |
Trump | Mas o meu país eu enriqueci E de ser honesto e limpo não me esqueci! |
Anjo | Isso vós dizeis! Porém, suas ações de julgar não são fáceis Na mudança climática não acreditáveis Apesar das temperaturas instáveis Na barca infernal vós ireis Porque para o paraíso não passareis! |
Trump, sem escolha, retorna à barca infernal. | |
Diabo | Então… que delícia, voltaste?
Portanto, queimarás como uma tarte! |
Assim que Donald Trump embarca, chega ao cais José Reis com seu fato, carregado de sapatilhas. Atraído pelo batel infernal, diz: | |
Diretor | Hou da Barca! |
Diabo | Quem vem aí? Maldito diretor reciclado. |
Diretor | Para onde vai a barca? |
Diabo | Vai para o oceano dos plásticos perdidos. |
Diretor | E os que se preocupam com o ambiente, para onde vão? |
Diabo | Para o mundo dos perdidos plásticos! |
Diretor | Não vou, não! |
Diabo | Tens de ir sim, sim! |
Diretor | Como poderá isso ser
com tanto algodão orgânico e pesticidas naturais? |
Diabo | Tu querias era aparecer na televisão,
promover os teus sapatos de plasticão! |
Diretor | Então não me há de salvar
recolher plástico do mar para fio de poliéster fabricar, reduzir a emissão de carbono e proteger a camada de ozono? |
Diabo | E os dinheiros mal levados por satisfação? |
Diretor | Ah! Para reduzir a pegada ambiental Estas sapatilhas custam um dinheirão! |
Chega à barca do Anjo, e diz:
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Diretor | Hou da santa caravela, podereis levar-me nela? |
Anjo | A carga de pecados te embaraça.
Aquela Barca que lá está leva quem rouba na praça. |
Torna-se à Barca do inferno e diz: | |
Diretor | Levai-me àquele fogo!
Não nos detenhamos mais! |
Chegam 4 Indígenas ao cais, assassinados na Amazónia enquanto tentavam defender a floresta. Cada um agita um colorido colar de plumas. E vêm a cantar e a bater com a mão na boca: | |
Indígenas | Haaaa… Ao planeta, ao planeta primordial! Ao planeta do equilíbrio ambiental! Senhores que poluís pela vida transitória memória, pelo planeta, memória deste temeroso cais! Haaaa… Ao planeta, ao planeta primordial! Ao planeta do equilíbrio ambiental! Vigiai-vos, poluidores, que depois da sepultura neste rio está a aventura do paraíso ambiental ou do planeta infernal. Ao planeta, ao planeta da atmosfera respirável! e temperatura agradável! Um local onde não há desflorestação e os seres vivos em equilíbrio estão. |
E o diabo, vendo-os passar, diz: | |
Diabo | Indígenas, vós passais e nada perguntais? |
Indígena 1 | Vós satanás, sois inimigo ambiental! O aquecimento global sente-se bem nesta casa infernal! |
Indígena 2 | Vós, Diabo, o que tendes em mente?
Nem sequer nos conheces bem |
Diabo | Entrai cá! Que argumento é esse? Eu não posso entender essa berra! |
Indígena 1 | Quem morre a defender a terra, não vai em tal barca como essa! |
Tornam a prosseguir, cantando os seus cantos dos rituais indígenas, a caminho da barca do Anjo. Quando chegam, o Anjo diz: | |
Anjo | Ó Indígenas do ambiente, a vós estou esperando que morrestes lutando pela Amazónia, pulmão da Terra! Sois livres de todo o mal, mártires do ambiente, que quem morre em tal luta merece paz eternal. |
E assim embarcam. |