Descobrindo as diferenças


MissãoApresenta-se como uma pessoa determinada e para quem o 12.º ano não é uma necessidade, mas a ideia fixa de quem decidiu que havia de concluir uma etapa que, em tempo regular, deixou inacabada.

Missão

J. Apresenta-se como uma pessoa determinada e para quem o 12.º ano não é uma necessidade, mas a ideia fixa de quem decidiu que havia de concluir uma etapa que, em tempo regular, deixou inacabada.

P. O seu espírito de cuidadora exigia-lhe que investisse numa carreira dedicada à educação de crianças, mas para isso precisava de concluir o 12.º ano.

 

Duração

J. Atravessou a nomenclatura do Centro quase desde a sua criação, pois foi no Centro Novas Oportunidades que iniciou o processo. Contratempos e prioridades fizeram com que fosse retomado já no Centro Qualifica, no dia 2 de outubro de 2017, e concluí-lo 14 anos depois do seu efetivo início leva-nos a acreditar que se sentiu bem acolhida nesta Casa e, por isso, a ela voltava.

P. A candidata dirigiu-se ao Centro acabada de regressar da Suíça, antes mesmo de tirar a roupa da mala, decidida a cumprir um sonho antigo, tendo iniciado o processo de RVCC no dia 28 de julho de 2023.

 

Construção

J. Cada vez que regressava ao Centro tinha de abrir as janelas do dossier em que juntara todo o material que lhe havia sido entregue ao longo dos anos e arejá-lo. Por ser conversadora nata, era um risco deixá-la a escrever autonomamente porque aquilo que lhe era solicitado em meia dúzia de linhas com facilidade se transformava em meia dúzia de páginas e, mesmo assim, dizia “não escrevi nem metade!”.

P. Apesar de lançar a semente em julho, sob um sol ardente, as primeiras raízes nasceram em setembro, quando de forma assídua e responsável comparecia a todas as sessões agendadas. Se no início a folha em branco era um desafio, não que lhe faltasse vida para contar, mas porque o português e o francês teimavam em imiscuir-se, com o tempo foi florescendo e, folha a folha, foi recuperando a robustez e a segurança no seu discurso.

 

Conclusão

J. Com inspiração na obra “O lutador de sumo que não conseguia engordar”, de Eric-Emmanuel Schmitt, percorreu os conceitos de meditação, alimentação, aceitação e objetivos, intercalando o resumo da obra com a sua experiência pessoal e profissional e indo com mestria ao encontro dos referenciais de competências-chave. Agora, com (mais) tempo para outros afazeres e responsabilidades, que continue a fazer limonada se o sumo não for o seu forte.

P. Com inspiração na obra “Medir o Racismo, Vencer as Discriminações”, de Thomas Piketty, explorou os temas do racismo, do referencial étnico-racial de tipo anglo-saxónico, da discriminação, do sistema de quotas como estratégia para promover a igualdade de oportunidades e do Plano de Ação para as Migrações, tendo ainda relatado duas experiências pessoais de discriminação. Agora, alcançado o cume desta montanha, chegou o momento de exibir a elegância e delicadeza das suas pétalas, partilhando a sua experiência em converter as dificuldades em substrato.

 

Se muitas diferenças há na missão, na duração, na construção e na conclusão, certo é que a persistência das flores selvagens (que se alimentam com a seiva da sua própria força) e da água do rio (que aprende a contornar obstáculos seguindo firmemente o seu rumo) fazem com que histórias tão díspares por vezes se encontrem. Foi o que aconteceu no dia 20 de junho de 2024, levando as candidatas a provar ao júri que são dignas do papel que reconhece que as escol(h)as fora da escola foram, efetivamente, as mais nobres escolas.

Isabel Moio – Técnica de ORVC

Translação


A duração do processo de RVCC da H. e da I. coincidiu com o tempo de uma volta da Terra em torno do sol. Por isso, experimentaram aqui as quatro estações. Começaram por lançar a semente à terra na primavera, quando em abril tiveram a primeira sessão.

Os meses em que os dias são dia até mais tarde trazem o desafio de se trabalhar mais. Foi o que lhes aconteceu no verão do processo: uma altura em que tanto lhes começava a ser exigente o que era requerido nas sessões como nos seus contextos laborais e familiares. E foi verão, no processo de RVCC, durante mais tempo do que o do calendário gregoriano, que sugere que em cerca de três meses o verão esteja virado. Aqui, foi verão de julho de 2023 a abril de 2024 e aqui viram muitos pores-do-sol, até a noite ser.

Chegada a fase de preparação para a sessão de júri de certificação, as obras “Infocracia” e “Vita Contemplativa”, ambas de Byung-Chul Han, serviram de mote para as suas apresentações. Se H., embrenhada na sua correria e gestão diária, foi convidada a refletir sobre a importância de “fazer nada” e simplesmente “contemplar”, a I. coube o desafio de olhar para as potencialidades do mundo da informação, sem descurar os perigos aos quais podemos estar expostos se não assumirmos uma atitude crítica.

O outono é tempo de renovação, de mudanças e de praticar o desapego. ‘Eu não sei se vou conseguir’ saiu-lhes algumas vezes, quase a uma só voz, para logo de seguida se contrariarem: ‘Se vim, vou ser capaz!’. E foi esta capacidade de contrariarem o seu lado de dúvida, insegurança e incerteza que as ajudou a chegar ao inverno do processo: a fase de recolhimento, de se resguardarem para cuidar mais de si e de se aconchegarem junto dos que lhes são mais queridos.

Isabel Moio – Técnica de ORVC

Lutar contra a desinformação – Palestra com o jornalista Carlos Almeida


No passado dia 16 de maio, assistimos à palestra “Lutar conta a desinformação”, no auditório da Escola Secundária de Pombal, com o jornalista Carlos Almeida, do jornal Região de Leiria.

Depois da sua apresentação e do jornal onde trabalha, o jornalista chamou a nossa atenção para a manipulação da informação salientando os perigos acrescidos da inteligência artificial.

Ajudou-nos a refletir sobre como devemos fazer para distinguir as notícias verdadeiras das falsas. Já tínhamos abordado este tema nas sessões de Português Língua de Acolhimento, na UFCD 6401UI (Atualidades), com a formadora Gina Ribeiro, mas a palestra foi muito enriquecedora.

 

Os formandos de Português Língua de Acolhimento B/B2

 

De forma entusiasta, com sentido de humor e recurso a imagens apelativas, o jornalista Carlos Almeida começou por fazer a analogia entre o telemóvel e os seres humanos que têm “um processador capaz de fazer o download e recriar o conhecimento acumulado por milhões que nos antecederam”. Mas o saber acumulado permite-nos aprender coisas que contrariam os nossos sentidos. Provou-o  com a fórmula de Einstein que diz que o tempo passa diferente em sítios  diferentes. Assim, o jornalista sublinhou que nem tudo o que vemos é necessariamente verdade.

Continuando com a analogia com o telemóvel, apresentou a Constituição da República Portuguesa como sendo o nosso sistema operativo.

Destacou o artigo 38º

(Liberdade de imprensa e meios de comunicação social)

  1. É garantida a liberdade de imprensa.
  2. A liberdade de imprensa implica:
  3. a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional;
  4. b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais, bem como o direito de elegerem conselhos de redacção;

Apresentou exemplos de notícias falsas para vender mais. Fez referência a “The great Hoax”- Seis artigos publicados no verão de 1835 no The Sun- Nova Iorque.

Continuou dizendo que a forma como nós vemos o mundo pode ajudar-nos a passar mensagens erradas. Referiu uma situação que aconteceu em 1933. Arminda de Jesus foi queimada viva pelos seus vizinhos por acharem que era a única forma de expulsar o demónio que estava dentro dela. Fixei a expressão “nós não sabemos o que não sabemos”.

De marcante também foi a comparação dos escaravelhos encima de uma garrafa de cerveja que traduz a nossa dependência em relação às redes sociais. O jornalista falou de uma armadilha evolutiva. Somos vitimas da guerra da informação.

Terminou a sessão com um assunto muito atual, a inteligência artificial (IA) e as vantagens e perigos que traz consigo. A partir de agora, já não podemos acreditar naquilo que vemos ou ouvimos. O jornalista deu o exemplo  de uma publicidade a uma aplicação na qual intervinha Cristiano Ronaldo a incentivar a compra do produto. Na verdade, houve manipulação da imagem e voz do futebolista.

 

José Santos – Candidato do processo de RVCC Nível Secundário

 

O meu vizinho, o Agostinho


No âmbito das Comemorações do cinquentenário da Revolução de Abril, no dia 29 de abril,  tivemos uma sessão com a professora Lina Oliveira: “Apontamentos de uma Revolução”.

Começámos por clarificar o conceito de texto argumentativo e explorámos dois cartoons de André Carrilho com intencionalidades diferentes. Um deles representa um cravo transformado em árvore debaixo da qual podemos ver pessoas felizes. O outro apresenta o cravo sobe a forma de um punho que traduz o esforço e o sofrimento do caminho para a liberdade.

A professora partilhou de seguida, um podcast de Luís Caetano: “A Vida Breve” que divulga poemas declamados pelos próprios autores. Ouvimos o  “Poema arma” de Manuel Alegre que foi um opositor ao Estado Novo e chegou a estar preso.

Foi-nos apresentada também Luísa Venturini, tradutora, autora de romances, poemas e crónicas. Vive em Pombal e costuma expressar a sua opinião na Rádio 97fm. Tivemos a oportunidade de ouvir o podcast “Do Nevoeiro”, uma referência ao Sebastianismo e escrito no rescaldo das últimas legislativas.

A professora também referiu a importância dos jornais como meio de expressar a opinião tal como o Jornal Expresso onde Daniel Oliveira escreve artigos de opinião.

Finalmente, leu um post publicado no Facebook pela jornalista Paula Sofia Luz que conta a história do tio Germano que esteve na Guiné e que trouxe feridas daquelas que não se veem por fora. Esta leitura fez-me lembrar o meu vizinho, o Agostinho que esteve a lutar na Guerra do Ultramar e dizia-se que quando regressou vinha muito afetado. Durante anos, sempre que ouvia um barulho mais forte, atirava-se para o chão escondia-se debaixo de uma mesa e estando ele a trabalhar no campo, chegou a esconder-se debaixo do carro dos bois. Segundo dizia a sua mãe, ele acordava quase todas as noites aos gritos como se ainda la estivesse. Nunca lhe foi dado nenhum apoio psicológico. Segundo o que se soube no dia que ele veio embora do Ultramar o pelotão dele foi morto com uma bomba terrestre. Só escapou ele e mais quatro camaradas. O meu pai também foi para a guerra e o meu irmão foi batizado com quatro dias pois ele ia embora no dia seguinte.

Estas são memórias que a sessão com a professora Lina trouxe ao de cima.

Isabel Santos – Candidata do processo de RVCC de nível secundário

Vida de mudanças e mudança de vida


Comecei o processo de RVCC no Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas de Pombal no dia 30 de setembro de 2021 e a minha sessão de certificação foi no dia 22 de junho de 2022. Sobretudo no início, tive dificuldades em compreender algumas das atividades que me eram propostas pelos formadores porque estudei apenas até ao 2.º ano. Deixar a escola com 14 anos, porque reprovei muitas vezes, e voltar a desenvolver hábitos de leitura e de escrita foi um grande desafio.

Em Matemática tomei mais consciência de que a forma como eu fazia algumas contas não era a mais correta e até prejudicava o meu saldo financeiro ao final do mês. Com as sessões aprendi a “abrir mais a pestana”. A leitura e a escrita foram as competências que mais gostei de melhorar. No âmbito do programa Ler+ Qualifica li excertos do livro “História de um caracol que descobriu a importância da lentidão”, de Luís Sepúlveda. Não gostava de fado, mas nas sessões de formação complementar de Linguagem e Comunicação vi o vídeo e ouvi a canção “Andorinhas” da fadista Ana Moura, que gostei muito de conhecer. Analisei a letra dessa música, em que a fadista diz que quer mudar de vida, quer ser livre como as andorinhas e voar “daqui para fora”. Foi também com esse objetivo que realizei o processo de RVCC, pois queria mudar de vida a nível profissional, para uma situação mais estável.

Não foi fácil ter cerca de três sessões por semana, mas com muito esforço e persistência consegui escrever a minha história de vida e evidenciar o que aprendi ao longo da minha vida nas quatro áreas de competências-chave. Um dia, saiu-me a expressão “A minha vida contada faz tremer uma calçada” e foi esse o título que dei ao meu portefólio. Na realidade, desde criança que a minha vida foi feita de muitas mudanças, mas não cruzo os braços e tenho sempre ido à luta por aquilo que quero e que acredito que seja o melhor para mim.

Ter conseguido terminar o processo de RVCC com o 6.º ano foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida, porque mudou-a como eu tanto queria. Hoje tenho um emprego mais perto de casa, com contrato e um horário que me é mais favorável. Mudei de vida e sinto-me realizada, feliz com o que faço e isso fez com que a minha autoestima também ficasse muito mais fortalecida.

Maria Nair Gomes

Luta contra a desinformação


Junte-se a nós, candidatos do Processo de RVCC e formandos do PLA (B1 e B2) numa palestra esclarecedora sobre o fenómeno das fake news. Descubra como identificar notícias falsas, entender seu impacto na sociedade e aprender estratégias eficazes para combater a desinformação.

Palestrante: Carlos S. Almeida – Jornal Região de Leiria

Data: 16 de maio 2024

Horário: 20:00 horas

Local: Auditório Gabriela Coelho na ESP.

Recalculando… chegou ao seu destino!


− Na rotunda, siga em frente.

E foi assim que os dois candidatos cuja sessão de certificação ocorreu no dia 08 de maio de 2024 saíram da rotunda na qual andavam às voltas e tomaram a decisão: o processo de RVCC seria a saída que lhes daria acesso a projetos maiores.

Ambos têm na condução a sua força motriz profissional: um, ligado ao transporte de passageiros; outro, ao de mercadorias. Apesar das diferentes tipologias, tiveram de cumprir a regulamentação laboral no que respeita aos períodos de condução nos quais se incluíram os tempos de viagem pelas áreas de competências-chave, agregando valor de cada uma e com ela enriquecendo o seu portefólio.

− Recalculando…

Alternativas profissionais e formações paralelas convidaram a desvios, mas o foco estava no destino.

STOP.

Às vezes também é preciso (saber) parar, seja para rever o caminho ou simplesmente para descansar. Os dois candidatos não descuraram os repousos e, apesar de o processo de RVCC lhes ser importante, a família também não saiu dos seus horizontes. E, mesmo quando encostados à box por opção própria, na berma do objetivo de concluir o 9.º ano, a equipa continuou a contactá-los para saber quando reuniam condições para prosseguir viagem.

− Continuar pela estrada principal.

Formação complementar: recordar o Inglês, transformar a Matemática de cálculos mentais rápidos em linguagem escrita coerente, aprofundar a Cidadania, ler com calma para extrair mensagens e reproduzi-las fielmente sob a forma de resumos, explorar as potencialidades que a tecnologia coloca ao nosso dispor… Portefólio: história de vida, recordações, fio condutor, encaixe da formação complementar com atribuição de sentido e de valor. E, finalmente….

− Chegou ao seu destino.

Os dois candidatos são um exemplo de que fizeram e fazem história da sua vida, não se deixando simplesmente arrastar por ela. Agora, com mais habilitações escolares em sua posse, a equipa do Centro Qualifica deseja que, mesmo que optem por caminhos menos convencionais, não percam o norte e lembrem-se que o retrovisor é mais pequeno do que o para-brisas porque é sobretudo para a frente que devemos olhar.

Isaebl Moio – Técnica de ORVC

Somos mais do que um campo de Narcisos


A Grécia Antiga é profícua em reflexões filosóficas e contos mitológicos que continuam a influenciar a forma atual de pensar. Um dos mitos muito conhecidos é a história de Narciso, que relata a vida de um jovem extremamente belo e arrogante, que acaba por se apaixonar pelo seu próprio reflexo, morrendo à fome e sede por não ser capaz de se afastar da sua própria imagem. Esta narrativa alerta-nos para os perigos de sermos, como a flor narciso, demasiado focados no nosso próprio umbigo, sendo preciso levantar a cabeça e observar o mundo que nos rodeia para agir.

Foi imbuído deste espírito de missão que D. fez a sua apresentação para a prova de júri de certificação de nível secundário, no dia 21 de março de 2024, inspirado pelo livro “A Era do Nós: Propostas para uma Democracia do Bem Comum” de João Ferro Rodrigues. Este é um candidato que está ligado a movimentos associativos na área do desporto e, enquanto pai, reconhece a importância de transmitir aos seus filhos a responsabilidade de participar ativamente na construção do bem comum.

Na exposição teve o cuidado de defender o equilíbrio entre o individualismo e o coletivismo, fazendo o paralelismo com a sua experiência como treinador, em que estimula o desenvolvimento pleno das particularidades de cada jogador, potenciando a cooperação e o trabalho de equipa para o alcance de objetivos de grupo.

Terminou com a exploração de ações concretas a tomar para a promoção do bem comum, assentes num envolvimento efetivo na comunidade.

Este foi o momento de encerramento de mais uma etapa na vida de D., com uma clara vitória, que lhe permitiu levar para casa a taça, ou melhor, o certificado de 12.º ano. Mas esta foi apenas a fase de eliminatórias regionais que o irão apurar ao campeonato nacional, isto é, ao prosseguimento de estudos para uma Licenciatura na sua área profissional, para que possa conquistar o título por si desejado.

Mikael Mendes – Técnico de ORVC

Equação do sucesso: variáveis e equilíbrio


As portas abertas do Centro Qualifica não nos deixam antever quem por elas entrará, estando a equipa sempre disponível para acolher quem aqui veja um rasgo de luz ou uma clareira de esperança. E não… nem sempre são pessoas com baixas qualificações que aqui se dirigem. E a S. é disso exemplo. Vinda de um país frio e de céu cinzento, a Rússia, onde se formou em Física – vertente de ensino, procurou em Portugal um equilíbrio térmico que lhe descobrisse o céu para melhores oportunidades de vida e estabilidade.

Não lhe sendo possível obter a equivalência aos seus estudos de origem, viu no processo de RVCC a oportunidade de cumprir um desígnio de vida: a obtenção de um comprovativo das suas qualificações escolares. Contudo, na equação do equilíbrio químico da sua vida pessoal e profissional teve de combinar de forma habilidosa diversas variáveis de modo a harmonizar o processo de RVCC com os seus horários de trabalho e os seus compromissos familiares.

De andar quase mecânico, e sempre com elevada energia cinética, soube com mestria gerir tempo e velocidade: ora acelerava em casa com a realização autónoma de algumas atividades, ora abrandava quando, no seu contexto profissional, as forças e os movimentos dos seus horários eram contrários aos que inicialmente lhe eram comunicados pelos seus superiores.

O domínio do Português foi o principal obstáculo que encontrou, pois foram vários os momentos em que o interruptor do vocabulário se desligou, cortando-lhe momentaneamente a corrente de que necessitava para que o circuito funcionasse sem percalços. Apesar disso, inspirada na mensagem do livro “Um mundo infestado de demónios”, de Carl Sagan, conseguiu defender o seu trabalho final, em que aliou as suas principais áreas de interesse – Ciência e Psicologia – ao comércio, em que trabalha. Acreditamos que o balanço energético do que a S. realizou no processo de RVCC permite-lhe levar daqui um rendimento positivo, transformado em ganhos em todas as áreas de competências-chave. E, embora o deslocamento entre os dois pontos do processo – a primeira sessão e o momento do júri de certificação, realizada no dia 7 de março de 2024 – não tenha sido retilíneo, também estamos confiantes de que a distância percorrida nesta trajetória contribuiu para que o espetro eletromagnético dos conhecimentos da S. saia daqui mais fortalecido.

Isabel Moio – Técnica de ORVC

As estações da vida


A Natureza tem muito para nos ensinar. Se dedicarmos algum tempo a observá-la, podemos retirar lições valiosas. A ciência opta muitas vezes por dissecar os seus elementos para melhor a entender. Já a arte prefere contemplá-la para se inspirar e criar obras que imortalizam os seus criadores, por exemplo Vivaldi é ainda hoje recordado pela composição de quatro concertos, “As Quatro Estações”. Também a candidata que foi a júri de certificação no passado dia 07 de março de 2024, soube apreciar a beleza das estações do ano e reconhecer estes ciclos na sua própria história de vida.

Assim, o seu trajeto na concretização do processo RVCC seguiu o fluxo das estações, pois a própria caracterizou a fase da sua vida, em que iniciou esta caminhada, como sendo o inverno, por ter sido forçada pela sua condição de saúde a repensar os seus projetos.

Rapidamente se adaptou ao processo RVCC, manifestando um esforço e empenho exemplares. Dedicou-se a cada tarefa com a mesma energia que usa para cavar a terra, a fim de depositar as sementes de uma primavera à espreita.

Derretida a neve da dúvida e insegurança, foi visível o seu crescimento e florescimento nas várias áreas, principalmente em Competência Digital, sendo agora autónoma no envio de emails ou no processamento de texto. Se a fluência verbal nunca lhe faltou para contar a sua história, foi preciso algum treino em Cultura, Língua e Comunicação para converter em palavras essas experiências e acrescentar folhas novas ao seu portefólio.

Em Cidadania e Empregabilidade encontrou a sua praia, o início do verão, complementando os conhecimentos. Mas mesmo com o Sol no seu auge, C. nunca se sentou à sombra, empenhando-se para dominar as contas de Matemática, Ciências e Tecnologia.

Finalmente chegou o outono, isto é, a hora da colheita, podendo agora saborear os frutos da sua dedicação e planear novos caminhos para este novo ciclo a iniciar.

Mikael Mendes – Técncio de ORVC